sábado, 13 de agosto de 2011

HITCHCOCK TRUFFAUT 14: O MISTÉRIO DO NÚMERO 17 - NUMBER 17 (1932)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.


NOTA: 5,5.
- Igual acontece nos filmes, não?
- Até demais para o meu gosto.

Este é mais um filme que o diretor gostaria de não ter feito. A British International Pictures comprou os direitos do livro de J. Jefferson Ferjeon e pediu que Hitchcock filmasse. Como Truffaut ressalta, se trata de um filme bem divertido, mas que tem uma história muito confusa. Embora ainda fosse produzir um filme pela British, este foi a última vez que dirigiu por ela. É também o último filme que o diretor tomou crédito de co-roteirista, apesar de ter sempre influenciado os roteiros de seus filmes.
Com pouco mais de uma hora de projeção (não chega nem a uma hora e dez), o diretor faz uma espécie de paródia aos filmes de suspense que se passa numa estranha casa cujo número dá o título do filme. Na história, um vagabundo e um policial entram na casa onde encontram um cadáver. Pouco depois, muitas outras pessoas começam a entrar na casa e vamos descobrir que algumas delas são parte de uma gangue que ficaram de se reunir lá para pegarem um colar que roubaram.
O filme é desnecessariamente confuso, e as informações que ele deixa de lado não servem para deixar qualquer suspense na história, apenas para piorar o entendimento da história. Em nenhum momento, sabemos sobre o tal colar que todos estão atrás ou até mesmo como ou porquê a tal casa foi escolhida como ponto de encontro. Parece claramente mais um caso de um filme que não alcançou qualquer interesse do diretor. Talvez ele já estivesse a ponto de sair da BIP, mas ele mesmo não esclarece praticamente nada sobre este filme durante a entrevista.
A segunda parte do filme, porém, apresenta uma boa melhora. É quando eles saem da casa e os bandidos fogem num misterioso trem (também não consegui entender a função do trem na história). O policial pega um ônibus e parte em perseguição ao trem. A cena é filmada usando maquetes e os efeitos especiais da época não eram tão convincentes para disfarçar o fato, mas ainda assim é interessante como o diretor consegue deixar a cena emocionante. Esse e alguns outros lampejos de brilhantismo mostram que o diretor ia amadurecendo a excelência que viria alcançar.
Fora a história confusa, há uma busca irritante de fazer o filme parecer engraçado. O alívio cômico deveria vir do personagem do vagabundo, que não é nem um pouco engraçado. As cenas em que ele fica com o revólver beiram o patético e não arrancam uma risada sequer. A única parte que realmente me fez rir, veio de uma cena que, imagino, não tivesse a intenção. Há uma briga pra ver com quem fica a arma e ela dispara, a única coisa que salva a vida da mulher é uma mão que pega a bala (!!!). Detalhe é que depois todos usam suas mãos como se nada tivesse acontecido.
O filme é tão pouco interessante no geral, que o diretor conta apenas uma história sobre como não conseguiu fazer uma cena usando gatos. Não fosse um filme de Hitchcock, já teria sido esquecido pelo tempo. Estivesse vivo hoje, o diretor estaria completando 112 anos hoje.

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