NOTA: 8.
- Uma vida que se trata apenas sobre morte, não é realmente vida.
O diretor Clint Eastwood envelhece mas em nenhum momento mostra sinais de que está pensando em parar (ou mesmo reduzir) seus trabalhos. A maior prova é que mesmo fazendo um filme que parece simples, ele o começa com um tsunami, e mesmo que termine com um beijo a cena inicial mostra a vitalidade de suas realizações. Outra mostra é na escolha do tema, que o diretor até o momento não havia feito: a questão da vida após a morte.
E morte não é um assunto estranho a ele. Seja na época em que era "apenas" (sem desmerecer seu trabalho) ator nos filmes de faroeste de Sergio Leone ou mesmo quando sentou na cadeira de diretor onde o tema também sempre esteve muito presente em suas obras. Talvez por isso agora a inclinação de procurar o que vem além.
Para isso, ele nos mostra três núcleos diferentes em países distintos. Nos EUA, George Lonegan (Matt Damon) é um homem que consegue "falar" com as almas dos mortos. Para ele é uma maldição mas as pessoas insistem que ele o faça. Ele já ganhou muito dinheiro com isso mas agora se contenta com seu salário de operário e tentar levar uma vida normal.
Em Londres, o jovem menino Marcus sente falta de seu irmão gêmeo que foi subitamente tirado de seu lado e deseja saber se seu irmão irmão pode lhe dizer o que fazer, como sempre fez quando estava vivo. Em Paris, Marie Lelay é ressuscitada depois de morrer afogada vítima do citado catástrofe. Obviamente, os três personagens vão se encontrar ao final do filme, ainda que de maneira pouco convincente e suas vidas vão se ligar.
O importante, porém, é observar a cuidadosa preparação até o encontro. Cada personagem é esmiuçado para sabermos suas motivações e objetivos. Lonegan evita tocar nas pessoas para não "acessar" informações indesejáveis. Ele conhece uma mulher e sabe deve manter seu segredo, porque tudo pode mudar quando ela souber a verdade. Marie se afasta de seu trabalho da televisão para começar a escrever um livro sobre política, mas rapidamente descobre que deve escrever sobre sua experiência de quase morte. Parece que somente enfrentando a morte, os personagens poderão seguir com suas vidas. E justamente os vemos seguir todas as suas trajetórias sem pressa alguma. Quando o momento chega, os conhecemos bem o suficiente para nos importarmos com a sequência.
A grande vantagem de ter Eastwood no comando desse filme, é a certeza que o filme não se tornará planfetário ou melodramático. O diretor e seus atores mantém um nível agradável sem cair no choro ou pieguice. Não se trata de acreditar ou não, mas de assistir um filme inteligente sobre o que acontece depois que nos formos. Tanto é que não há provas reais desses contatos. Em determinado momento, fica difícil saber se o personagem de Damon realmente está se comunicando com alguém ou apenas querendo agradar a pessoa. Para mim, a questão é que não importa se é real ou não. Interessa que é um bom filme.
Aproveitando pra explicar porque as postagens estão saindo atrasadas:
ResponderExcluirFiz uma cirurgia no ombro e vou ficar cinco semanas sem poder usar um dos braços.
Está difícil continuar postando, mas vou tentando.
Abraços.