segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ROBIN HOOD – O PRÍNCIPE DOS LADRÕES


NOTA: 5.
- Ninguém controla o meu destino.

Este é mais um daqueles filmes que assistia quando criança e que agora me decepcionam. Robin Hood é, talvez, a lenda britânica mais famosa que carece de uma boa adaptação atual. Aqui não deu muito certo, com a nova versão interpretada por Russel Crowe também não. Quem sabe um dia no futuro?
O meu maior problema, é que é um filme feito para adolescentes e que erra o seu alvo miseravelmente. O filme começa com um homem tendo sua mão cortada e Robin quase perdendo a dele. Tudo isso numa masmorra feia, suja e escura. Assim como a maior parte do filme não se aproveita das vastas florestas, preferindo ficar em outros lugares sombrios.
O resto do filme não melhora muito, são muitas mortes, mutilações e até mesmo uma grande batalha. Todos os ingredientes que filmes violentos tem. Perto do clímax, temos até mesmo uma criança sendo enforcada por um carrasco. Filme para adolescentes?
E não é apenas a violência. Ela não é tão explícita quanto nos filmes atuais. Nada de sangue jorrando ou pedaços de corpos voando para a câmera, mas a insinuação de violência misturada com personagens sem moral alguma. A igreja nunca foi tão mal interpretada. Longe de querer defender, mas acho que deva ter um limite a ser traçado aqui. Os padres são gananciosos, corruptos e bêbados. No final do filme, o padre casa Marian com Nottinghan mesmo sem o consentimento dela. Já Nottinghan consulta uma bruxa que lê a sorte em cuspe, ossos e sangue de animais. Mesmo Robin não aparece como um verdadeiro herói e mais com um ladrão comum.
O filme nunca acerta em qual tom ele pretende ficar. Não sabe se quer ser cômico, de aventura ou seja lá o que for. Assim como Costner, que interpreta da mesma maneira. Ele é meio amargurado em alguns momentos, em outros tenta ser cômico. Sem sucesso. Ele sequer é carismático o suficiente para liderar aquele povo. E nem vou comentar a falta de sotaque britânico, que deveria ser obrigatório para o personagem. O romance entre ele e Marian é tão insípido que chega a dar pena. É como se eles conhecessem a lenda e soubessem que deveriam se apaixonar. Se não, nada aconteceria entre eles.
A própria Marian fica perdida. Seu personagem começa com uma mulher independente que chega até mesmo a lutar de espada pelo que quer, mas depois seu personagem cai nos clichês de dama indefesa. Se ainda fosse o contrário, poderia-se aceitar, mas o inverso é triste. Um personagem que termina o filme pior do que quando começou?
Alan Rickman interpreta um personagem muito interessante. Um vilão de primeira linha, pena que não tenha nada a ver com o filme. Em determinado momento, ele tenta estuprar Marian. Na frente do Padre. O único que combina o personagem com o tom do filme, é Morgan Freeman. Perfeito como sempre. Ele é o que se salva neste filme. 
Quando Frei Tuck é o personagem mais religioso no filme, e o herói não é o mais interessante, vemos que há algo errado. Arthur e Robin, melhor sorte pra vocês nas próximas adaptações. Estão precisando.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

DEIXE-ME ENTRAR



NOTA: 9.
- Você tem que me convidar para entrar.

Em 2009, eu fui surpreendido por um dos melhores filmes de vampiro que já assisti. O diretor sueco Tomas Alfredson, levou para as telas o ótimo Deixe ela entrar, roteiro adaptado do livro homônimo de John Ajvide Lindqvist escrito por ele mesmo. O filme passou por praticamente todos os festivais do mundo que se preze e fez bastante sucesso entre os cineastas, apesar de lançamentos discretos nos EUA e Brasil (aqui, só foi lançado em SP nos cinemas).
Claro que a versão americana seria apenas um questão de tempo.
O trabalho ficou para Matt Reeves, de Cloverfield, que escreveu o roteiro e dirigiu o filme. Eu achava que seria apenas mais uma versão imbecil de um bom filme, mas acabei surpreendido pelo resultado final deste filme. Isso porque o diretor se mostrou extremamente fiel ao trabalho original, chegando ao ponto de repetir algumas cenas. As melhores pelo menos. É quase a versão original com atores americanos.
Owen (Kodi Smit-McPhee, o filho em A estrada) é um menino de 12 anos cujo os pais estão se divorciando. Sua mãe é uma religiosa fervorosa e alcoólatra e seu pai um ausente. Fora isso, ele sofre de bullying no colégio por um garoto maior que ele acompanhando de outros 2 (os valentões são sempre covardes).
Para o apartamento ao lado do seu, se muda Abby (Chloe Grace Moretz, a atriz mirim do momento, Hit Girl de Kick ass), uma menina de também 12 anos,  e seu "pai". Em seu primeiro encontro ela diz para ele que não pode ser amiga dele, mas ainda assim eles criam uma afeição um pelo outro. Ambos são parecidos em alguns aspectos, como pelo fato de serem solitários, isolados do resto do mundo. Exceto pelo fato que ela é assim por ser uma vampira. Ela diz ter "12 anos, mais ou menos", mas nunca revela sua idade real. Não importa quanto anos ela tenha, por alguma força "vampírica", ela ainda é uma criança, e age como tal.
O filme gira em torno das crianças. Os adultos são apenas coadjuvantes. A mãe que mal parece ter capacidade de criar Owen e nem questiona os machucados que o garoto chega em casa. O "pai" tem uma relação estranha com Abby. Eles tem afeição e ao mesmo ele parece mais um empregado que um amigo. E o policial que está em busca de um serial killer que está tirando o sangue de suas vítimas.
Esqueça as bobagens da saga Crepúsculo. Vampiros não são cool, não são glamourosos e apaixonados. Vampiro é um personagem trágico e amaldiçoado. Assim como um viciado, eles são impelidos a buscar sangue. Eles precisam disso. Não há nenhum perito em vampiros atrás da menina ou mesmo teorias que iriam parecer malucas no mundo real. Esse filme é como se fosse real. No nosso mundo.
Quem tiver interesse em ver um bom filme de vampiros (de verdade) nos cinemas pode se surpreender aqui. Quem for ver em casa, pode procurar o original que é ainda superior. Inclusive dá um novo sentido quando ela diz "Não sou uma menina". Fica ao critério do espectador, esse é muito bom, o original é maravilhoso.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

PROCURA-SE AMY


NOTA: 9.
- Eu te amo e não é como amigo. Você é a soma de tudo que eu sempre procurei em um ser humano. Eu não aguento mais estar do seu lado sem poder te abraçar. Eu não posso conversar com você sem poder expressar meu amor por tudo que você é. Não existe outra alma que me faça metade do homem que eu sou com você, e eu arriscaria nossa amizade por uma chance de dar um passo adiante na nossa relação.

Depois de enfiar os pés pelas mãos em seu segundo filme, Barrados no shopping, o diretor e roteirista Kevin Smith parecia que ia colocar a carreira nos eixos. Fez este ótimo filme e o bom Dogma, os dois ainda naquele esquema de unir os filmes seja por situações ou personagens em comum. Pena que não durou muito.
De qualquer forma, aqui Smith se propõe a fazer o que ele é realmente bom: roteiro. Seu segundo filme provou que ele não é um diretor de primeira (e Tiras em apuros acaba de comprovar) e seu forte é realmente a construção de diálogos. O filme teria tudo para ser um comédia romântica boba, mas Smith a trabalha em camadas, cada camada aprofundando mais seus personagens, seus medos e receios.
Todos os personagens aqui trabalham com revistas em quadrinhos e se conhecem em um feira (algo parecido como uma Comic Con, mas menor). Nenhum deles fazem grandes selos como Batman ou Superman, mas dois deles parecem bem-sucedidos: Holden McNeil (Ben Affleck. Para quem lembra da resenha de Gênio indomável, aparece uma curiosidade desse nome) e Banky Edwards (Jason Lee), que escrevem sobre Jay e Silent Bob (creio que os únicos personagens que aparecem em todos os filmes, interpretados pelo próprio Smith e Jason Mewes). É lá que Holden conhece Alyssa (Joey Lauren Adams).
Desde esse primeiro encontro, fica claro que eles são feitos um para o outro. Ele se apaixona  por ela e ela... é lésbica. Apesar de ter um tom leve, o filme não é uma comédia rasgada. Smith entende uma coisa básica sobre o assunto: os amantes sofrem. Não é fácil se entregar assim para outra pessoa quando é correspondido, o que dirá quando não é. Quem já passou por isso sabe do que estou falando. O amor desses dois não é fácil. Não é uma linha reta. E aí está umas das forças do filme.
Tudo é levada a sério no filme. Mesmo os quadrinhos. Chega a tal ponto que quando um cara vira para Banky e diz que ele apenas copia os desenhos de Holden, ele simplesmente sai para a briga com o cidadão. E na mesma feira, um negro gay, Hooper X, puxa uma arma e atira contra a platéia para passar uma imagem de machão (ele é minoria da minoria, como ele mesmo diz).
Assim como Hooper é o responsável por uma das melhores falas do filme. Ele fala sobre como o caipira branco personagem de poster nazista, Luke Skywalker, quer livrar a galáxia dos negros representados por Darth Vader. O resultado é hilário.
Assim como as conversas sobre sexo, que são francas e abertas como velhos amigos falando as maiores barbaridades em uma mesa de bar, mas que não lembro lembro de ter visto no cinema a coragem de declarar com a mesma clareza. Podia parecer escrachado, mas não fica. Fica verdadeiro.
O casal protagonista me surpreendeu no filme. Ben Affleck convence em um personagem cheio de mudanças durante todo o filme. Talvez o resultado pudesse ser melhor, mas ele não compromete em nada o filme. Já Lauren Adams consegue passar por cima da sua voz irritante e mostrar uma personagem que pode ser ao mesmo tempo uma grande amiga ou uma ótima amante.
Dizem que Smith usou a relação com a própria Lauren Adams para escrever o filme. Como o próprio personagem de Affleck diz, "Dessa vez eu tinha algo pessoal para dizer". Parece que Smith tinha algo pessoal para dizer. Talvez por isso, esse seja um dos seus melhores filmes.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

FORREST GUMP, O CONTADOR DE HISTÓRIAS


NOTA: 10.
- Minha mãe sempre diz que a vida é como uma caixa de chocolates. Você nunca sabe o que vai ganhar.

Realmente não acho que este foi o melhor filme do ano. Teriam pelo menos dois filmes que considero muito superiores que disputaram com ele: Pulp Fiction, a obra prima de Tarantino e o não inferior Um sonho de liberdade.Mas, apesar de não ser perfeito como os citados, ainda assim é um filmaço que nos faz rir, chorar e refletir.
Forrest (Tom Hanks) é um homem com o QI de 75, o que é considerado abaixo da média. Normalmente, ele deveria frequentar uma escola especial para crianças como ele, mas sua mãe (Sally Field) dá um jeito com o diretor do colégio para que ele possa ficar lá. A mãe de Forrest sempre dá um jeito para que ele seja tratado com qualquer outra pessoa, e principalmente para que ele se sinta como qualquer outra pessoa.
Um dia, Forrest tem que correr de crianças que jogam pedras nele. Sem qualquer motivo. Ele tem dificuldade no início, porque usa uns aparelhos para endireitar a coluna, mas quando esses aparelhos se quebram, ele (e nós) descobre que pode correr como o vento.
Eu me pergunto o que foi da vida dessas crianças que o maltratavam? Forrest ensinou Elvis a dançar, quando começou a correr foi jogar futebol americano para uma universidade. Depois de formado foi pro exército, onde lutou no Vietnã, foi condecorado com as mais altas medalhas que se pode receber e ainda virou uma estrela internacional do tênis de mesa (popularmente conhecido como ping pong). Se transformou em milionário depois que virou capitão de um barco de pesca de camarões (o Bubba Gump se transformou numa cadeia de restaurantes de verdade depois do filme) e investir o dinheiro em "plantações" (Apple Computers). Conheceu três presidentes e correu por todos os EUA inspirando as pessoas mesmo sem ter essa intenção. O que esses valentões conseguiram das suas vidas que possa se equiparar a isso?
Forrest, apesar de "meio lento", fez parte de todos os fatos importantes da história americana dos anos 50 até até os 80. Até mesmo no caso do presidente Nixon, que foi quem o recomendou a ficar no Hotel Watergate. As poucas coisas que ele não viveu, foram vividas pela mulher por quem é apaixonado desde sempre, Jenny (Robin Wright).
O mais engraçado é que isso não é o que mais me impressiona nesse personagem. Todos os seus feitos são notáveis, mas o que mais me impressiona é a capacidade que ele tem de ver o mundo de um jeito único. Quando no exército, ele combina de entrar para o negócios de camarões com Bubba. Quando este morre, ele dá metade do dinheiro para a mãe de Bubba mesmo fazendo todo o trabalho sozinho. Ela pergunta se ele é estúpido. Ora, não seria essa a maneira certa de agir? Ele fez um acordo com Bubba de dividir os lucros meio a meio e está apenas cumprindo o acordo.
Forrest é um dos personagens mais honestos que já vi no cinema. Ele não julga ninguém por classe social, cor da pele ou por qualquer outra coisa, assim como não tenta levar vantagem em cima de ninguém. Talvez por querer ser tratado como todo o resto, ele trata a todos como devem ser tratados. Sua mãe entende esse desejo dele, assim como Jenny. E no decorrer do filme, Tenente Dan também entende. Quem dera todos entendessem.
Nunca houve umpersonagem como Forrest Gump. Pelo menos não que eu tenha conhecimento. Mesmo depois do sucesso que fez, eu não vi nada parecido. Dizem que Travolta recusou o papel e se arrependeu depois. Que bom, já que não imagino ninguém interpretando esse papel além de Hanks. Ele é a perfeita encarnação do homem simplório que equilibra na medida exata a ingenuidade, alegrias e tristeza daquele homem.
É uma comédia? Um drama? Um filme histórico? Não consigo definir, apenas posso dizer que é um filme maravilhoso. Dizem que a Warner se livrou do projeto por achar parecido com Rain Man. Forrest não é sequer parecido. Ele não é um doente que é levado de um lado para o outro. Aqui, quem faz a história acontecer é ele. E que história.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

CRASH - NO LIMITE


NOTA: 10.
- É a sensação do tato. Em qualquer cidade, você encosta em alguém, alguém esbarra em você. Em Los Angeles, ninguém te encosta. Estamos sempre atrás de metal e vidro. Acho que sentimos tanta falta do toque, que batemos uns nos outros só para sentir algo.

Geralmente, os filmes contam histórias sobre uma ou duas pessoas, mas isso não é uma regra. Algumas vezes, um filme conta uma história sobre um lugar. Um evento ou mesmo um sentimento. Foi o que Robert Altman fez ao contar a história musical de Nashville ou o que Richard Curtis fez mais popularmente contando histórias de amor em Simplesmente amor. A fórmula é a mesma em todos esses casos: pessoas, diferentes apresentam diferentes pontos de vista sobre o mesmo tema. Elas não precisam se conhecer ou mesmo se encontrar. Um filme assim que seja bom é difícil de encontrar.
Outro tipo de filme que surpreende, são projetos sem distribuidoras e que rodam festivais para conseguir alguém que se interesse pelo filme. Algumas vezes, esses filmes até fazem um sucesso comercial, comparado com seu orçamento, mas dificilmente conseguem sucesso de público e crítica.
Só esses dois motivos já podem ser bons o suficientes para elogiar esse filme. Sim, é um filme com histórias paralelas que falam sempre sobre a intolerância. Além disso, é um filme feito com meros 6 milhões de dólares. Mesmo depois de vencer o Oscar de roteiro com Menina de ouro, Paul Haggis teve dificuldades de realizar esse filme, a ponto de ter que usar sua casa e seu carro nas filmagens. A Lionsgate comprou os direitos de distribuição do filme no Festival de Toronto, e tornou este, o primeiro filme comprado em um festival a ganhar um Oscar.
Um dos maiores trunfos do filme é sua imprevisibilidade. Qualquer coisa pode acontecer a qualquer momento. Poucos filmes têm essa capacidade de nos surpreender. Não sabemos para onde vamos, o que vai acontecer e muito menos quais os destinos dos personagens. E cada personagem, individualmente é tão bem trabalhado, tão bem desenvolvido, que nos importamos com cada um deles. Mesmo que não seja um "mocinho".
Não que existam "mocinhos" nesse filme. Ninguém é inteiramente inocente. Ou inteiramente culpado. De qualquer forma, com certeza ninguém aqui é bonzinho. Há momentos em que os personagens fazem coisas boas e há momentos que eles tomam atitudes contrárias. Algumas vezes, até controversas.
Vejamos por exemplo, Matt Dillon interpretando o policial John Ryan (o melhor personagem do filme e provavelmente a melhor interpretação dele na vida). Num primeiro momento, ele pára um carro porque uma mulher de pele mais clara está realizando sexo oral no motorista negro. Fossem dois negros ou dois brancos, talvez ele não parasse o carro, mas ele parou esse carro. Durante a revista, ele aproveita para pegar nas partes íntimas da mulher. Depois o vemos sofrendo em casa com o pai doente sem conseguir um tratamento médico adequado. Quando está em posição de poder, ele se aproveita, quando a situação é inversa ele apenas sofre sem nada poder fazer. Nada é o que parece. E mesmo depois ele tem a chance de redenção. Somente alguns tem essa chance no filme.
E as pessoas dizem o que pensam, sem os filtros sociais que estamos acostumados. Não importa onde estejam ou na presença de quem. O iraniano é chamado de Osama na loja de armas (ele nem é árabe), ao mesmo tempo chama o latino de membro de gangue (assim como a personagem de Sandra Bullock) e por aí vai. Em um determinado momento, William Fitchner vira para Don Cheadle e dispara um "Fuck black people." Não há meias palavras.
De qualquer forma, é um retrato dos preconceitos da nossa sociedade. Não apenas da americana, mas de grande parte do mundo. E isso faz com que ele se torne um filme reflexivo. Poucos filmes podem influenciar as pessoas, gostaria de acreditar que este tenha esse poder. Que possa ser um pequeno passo para uma sociedade mais tolerante,

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

UM ESTRANHO NO NINHO


NOTA: 100.
- Mas eu tentei, não foi? Pelo menos eu fiz isso.

Algumas vezes eu declarei o que considero algumas injustiças do Oscar. Como eles premiam alguns filmes em detrimento a outros que mereciam melhor sorte. Recentemente falei de Los Angeles - cidade proibida assim como falarei, um dia, sobre Pulp fiction. Devo ressaltar, porém, que algumas vezes eles acertam em cheio, e esse é um dos maiores acertos.
Indicado a 9 prêmios, este filme ganhou os principais: filme, diretor (Milos Forman), melhor roteiro adaptado (Lawrence Hauben e Bo Goldman), ator (Jack Nicholson) e melhor atriz (Louise Fletcher). E ainda hoje vai constar em qualquer lista séria de melhores filmes de todos os tempos. Um dos motivos, é porque raramente você encontra um filme com cenas tão boas, que quando passa por uma cena que não seja necessariamente boa, esta passa desapercebida.
Jack Nicholson interpreta R. P. McMurphy, um criminoso que se finge de louco para não ter que ir para a cadeia. Ele provavelmente começa o filme pensando que seria como umas férias no manicômio, só muito depois ele vai descobrir o quanto está errado. Ele não trata nenhum dos internos como se fossem doentes e até mesmo tenta ensinar basquete para o Chefe (índio), que não fala com ninguém há 12 anos.
Claramente ele não pertence aquele lugar. Ele é um homem que quer agitar as coisas e as pessoas, o que vai totalmente de encontro com o que a enfermeira responsável, Ratched (Fletcher), prega. Ela quer as coisas do jeito que estão. As coisas e talvez seus pacientes. Por isso, em nenhum momento do filme, qualquer paciente receba alta de lá. Talvez McMurphy conseguisse fazer alguém ter uma alta, assim como a festa que ele realiza com certeza ajuda Billy (pena que a "cura" só dure até a chegada de Ratched).
McMurphy tenta lutar contra todo aquele conformismo, que pode até ser uma crítica ao espírito da nossa sociedade atual. Durante o filme, descobrimos que o Chefe pode falar, que Billy não precisa gaguejar e que os outros não precisam ser tão apáticos. Há um paciente que até mesmo está lá por vontade própria. Não tem jeito dele vencer isso. Sua única chance é fugir ou se quebrar ao sistema. O filme não é sobre loucura, é sobre a derrota de um homem. Mas pelo menos ele tentou, como ele mesmo diz.
O elenco é sensacional, com destaque especial para Nicholson. Este é o ponto mais alto de uma carreira cheia de pontos altos. Tudo que ele faz no filme é perfeito. Fletcher está muito bem seu papel também, só é uma pena que seu papel seja estável demais. Ela é a enfermeira que acha que sabe de tudo e que sempre está certa. Ela faz muito bem, mas nunca sai do mesmo tom. É como ver um atleta que sempre joga bem sem nunca apresentar um brilhantismo: é bom mas não empolga. Talvez  se houvesse uma cena em que ela parecesse diferente, como o Chefe tem quando fala do pai dele, e sua personagem também seria perfeita. 
Nada que estrague o filme. Lembra quando disse de ter cenas tão maravilhosas que esquecemos do resto? É isso que estou falando. A maioria das pessoas não vão se lembrar do Chefe falando, mas sim da festa, da rebelião dos internos, da pescaria e da derrota de McMurphy. Mesmo a fuga do chefe é apenas um prêmio de consolação comparado a todo o resto.

OBS: Só para mostrar a força do filme na premiação, vale a pena lembrar que ele disputava com pesos pesados. Milos ganhou seu prêmio disputando com Robert Altman (Nashville), Stanley Kubrick (Barry Lyndon), Federico Fellini (Amarcord) e Sidney Lumet (Um dia de cão). Destes, apenas o filme de Fellini não foi indicado ao prêmio principal, o quinto indicado era Tubarão, de Spielberg. Concorrência pesadíssima.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A REDE SOCIAL


NOTA: 10.
- Você provavelmente vai se tornar um homem bem sucedido. Mas você provavelmente vai ficar achando que as garotas não gostam de você porque você é um nerd. E eu quero que você saiba, do fundo do meu coração, que isso não é verdade. Vai ser porque você é um babaca.

A frase acima é dita pela ex-namorada de Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), o criador do Facebook, quando ela resolve terminar com ele. É o que ela pensa, assim como a maioria das pessoas do filme. E depois de assistir, também os espectadores. O filme não é sobre um cara legal, é sobre um homem que consegue ver as possibilidades que os outros não conseguem. Não é por acaso que ele se tornou o mais jovem bilionário da história. 
E como na maioria dos filmes, tudo é por causa de uma garota. A mesma garota da frase acima, Erica (Rooney Mara). Logo depois de ser dispensado, Mark faz um site em que as pessoas da faculdade podem comparar as mulheres de Harvard para dizerem quais acham mais bonitas. Entre elas, Erica. A pequena brincadeira faz com que seja punido, e também que os irmão gêmeos Winklevoss (Armie Hammer interpretando ambos) ofereçam que Mark desenvolva um site para eles.
Mark os enrola tempo suficiente para desenvolver uma idéia inspirada no site proposto, mas com algumas diferenças. De resto, não há nada que vá surpreender as platéias. Todos sabem que ele foi processado pelos gêmeos, assim como pelo seu melhor amigo, que o ajudou a desenvolver o site e também pagou pelas despesas iniciais sozinho. Para quem não sabe, o amigo é o Brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield, que interpretará o novo Homem-Aranha).
A história pode ser conhecida, mas o grande acerto do filme é ser brilhante em mostrar o que todos conhecem de forma a não parecer chato em momento nenhum. Talvez tão brilhante quanto seu protagonista. E isto já se mostra na primeira cena, um diálogo dos mais complexos que o cinema já produziu.
É transformar um filme sobre uma linguagem que poucos conhecem (a linguagem do computador) e transformar a história numa linguagem que todos conhecem. Da mesma forma, que seu idealizador construiu um site que une 500 milhões de pessoas (ou mais desde o lançamento do filme) sem saber nada sobre relações humanas.
Essa inabilidade social é tão gritante, que quando surge Sean Parker, um ex-milionário falido inventor do falecido Napster, Mark tem grande interesse em se tornar amigo dele. Não porque ele é um cara muito legal, já que a moral dele é até mesmo duvidosa, mas porque ele o apresenta pessoas, festas, bebidas e drogas. Tudo que uma pessoa "normal" ás vezes passa pela vida. Mark quer experimentar isso pela primeira vez. Mas mesmo com a possibilidade, ainda assim é incapaz de se socializar.
É isso tudo que faz deste um grande filme. Porque é bem feito, tem ótimos atores e uma história interessante mesmo para quem não é do ramo ou até mesmo para leigos em computação. Na verdade, você pode assistir o filme sem ao menos saber o que é facebook.E isso é um feito.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

CLUBE DA LUTA


NOTA: 6.
- Se você acorda num lugar diferente, em um horário diferente, você pode acordar como uma pessoa diferente?

Antes de começar a resenha, deixe-me esclarecer uma coisa muito importante: eu gosto muito do trabalho do diretor David Fincher. Seus trabalhos em Seven, Vidas em jogo, O curioso caso de Benjamin Button e no mais recente A rede social são ótimos e me fazem ficar curioso para ver o trabalho que fará na versão americana de Os homens que não amavam as mulheres.
Tendo dito isto, eu agora declaro que não gosto de O clube da luta. Na verdade, acho que é um trabalho ainda pior do que ele fez em Aliens 3 e O quarto do pânico. Sei que serei amplamente criticado pelos fãs do filme, que acredito serem muitos, mas faz parte da vida.
Edward Norton interpreta um personagem cujo nome não sei dizer qual é. O que sei é que ele trabalha em uma empresa de seguros e está extremamente insatisfeito com a sua vida. Pessoalmente ou profissionalmente. Ele é depressivo e não consegue dormir há vários dias. São em grupos de ajuda que ele finalmente encontra sua catarse. A dor das outras pessoas o faz dormir como um bebê.
O seu "tratamento" começa a dar errado quando Marla (Helena Bonham Carter) começa a aparecer nos mesmos grupos que ele frequenta, incluindo câncer testicular. Ela é um "turista" como ele, e saber disso o incomoda a ponto de não mais conseguir dormir. A falsidade dela espelha a dele.
Até que em um voo a trabalho, ele conhece Tyler Durden (Brad Pitt), um estranho que parece identificar o âmago dele. Eles trocam contatos, e quando o personagem de Norton descobre que seu apartamento explodiu, ele procura Tyler para abrigo. É quando eles formam o tal Clube da Luta.
Cada filme é dividido, na maioria das vezes, em três atos. Este primeiro ato, é uma brilhante crítica ao consumismo e ao estilo de vida americano de viver. Quanto mais se tem, mais se quer. Mesmo que não precise de nada disso. Um filme inteligente, com humor sarcástico de primeira. Pena que vem o segundo ato e tudo construído no primeiro vai por água abaixo.
O segundo ato é uma ode à violência. Um festival de sangue, caras quebradas e sons que engrandecem cada soco dado. A inteligência que domina a primeira parte sobrevive em parcos momentos aqui. A única coisa a ser considerada é a violência.
Tyler é um personagem carismático, de certa forma. Digo isso com ressalvas, porque ele tem uma maneira peculiar de mostrar sua filosofia. Parece interessante, mas não é de nenhum utilidade para mim, e prefiro acreditar que não deveria ser para a maioria das pessoas. Seu carisma se resume a convencer todos a lutarem em lugares duvidosos. E é seu carisma que leva o filme ao seu terceiro ato.
No terceiro ato, a influência de Tyler faz com que se crie um projeto diferente do Clube da Luta. Ele usa todo seu carisma para recrutar membros do Clube para o Projeto Destruição, que basicamente tem a intenção de criar caos e destruição pelas cidades dos EUA. Lembra alguma outra pessoa que levou todo a Alemanha para a guerra? É como Tyler.
Nenhum membro fica mais forte, mais sábio ou tem qualquer outro tipo de melhoramento na sua vida. Eles apenas ficam trocando socos, e depois seguem um fascista para criar caos. Eles estão mais para membros de um culto que poderiam seguir Charles Manson e matar pessoas em suas casas. Fora todo o clima de mistério que é meio desnecessário para a trama, com as dúvidas do que é real ou não.
O que realmente se salva durante todo o filme é a competência de seu elenco. Norton e Pitt estão pefeitos em seus papéis e Carter chega para colocar a cereja no topo. Todos impecáveis. Difícil ver um elenco que se encaixa tão bem. E uma pena que tenham sido usados nesse filme.
Seja qual for a mensagem que Fincher quisesse passar, ela ficou perdida na confusão e na violência.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

LOS ANGELES - CIDADE PROIBIDA



NOTA: 100.
- Não tente fazer a coisa certa, rapaz. Você não tem a prática.

O Oscar de 1998 coroou o épico Titanic, de James Cameron, com 11 prêmios. Uma pena que esse feito, embora notável, tenha ofuscado uma obra-prima. Eu hoje vejo mais virtudes neste filme de Curtis Hanson, do que na obra de Cameron. Apesar de ter sido filmado como um filme noir, a obra de Hanson parece atemporal. Fora seu figurino, poderia muito bem se passar nos dias de hoje e ainda ter a mesma força.
Antigamente, em Los Angeles, existia uma revista chamada Confidential. Sua especialidade era as fofocas de celebridades, principalmente as mais sujas e picantes. Foi essa revista que deu origem ao surgimento dos tabloides sensacionalistas tão comuns hoje. E esse filme se inspira nessa revista, não só na figura de Danny DeVito, mas como no fato de explorar a podridão policial da época. Assim, se misturam ficção e realidade daquela época.
Danny Devito interpreta Sid Hudgens, dona da revista Hush Hush. Sua voz é a que primeiro aparece no filme. Ele narra eventos que podem parecer irrelevantes, mas não são. Incluindo a morte de Mickey Cohen, um gangster real da época. O policial que mais trabalha com ele, e aparece em muitas de suas capas, é Jack Vincennes (Kevin Spacey), uma espécie de policial da mídia. Além de aparecer nas capas, ele é consultor técnico de um seriado conhecido como Badge of honor (um equivalente ao Dragnet, tanto que usa o mesmo bordão: "Just the facts").
Não posso esquecer que foi este filme que levou Russel Crowe ao estrelato. Antes disso, seu maior destaque era Rápida e mortal, horroroso faroeste com DiCaprio e Sharon Stone. Aqui ele interpreta Bud White, um corajoso e brutal policial que usa muito mais os punhos do que o cérebro. Pelo menos na primeira parte do filme.
Contrário a ele, é Ed Exley (Guy Pierce), um covarde brilhante e carreirista. Seu objetivo é subir de posto mais novo que seu pai, falecido, conseguiu. Nem que para isso, ele tenha que pisar em outros policiais e se tornar odiado por toda a delegacia.
Cada um investiga um caso diferente, que é parte de um caso muito maior. O que pode ser realidade em algumas coisas, pelo visto. O incidente do início do filme, Natal Sangranto, também é real. Assim como Lana Turner realmente namorou o guarda-costas do mafioso Mickey Cohen, Johnny Stamponato. O único porém seria que eles namoraram em 1957 e o filme se passa em 1953, mas quem liga? Uma curiosidade? Johnny foi morto pela filha de Lana Turner depois que ela o pegou traindo a mãe.
A história também envolve uma rede de prostituição comandada por Pierce Patchett, com prostitutas que parecem com estrelas de cinema. Uma delas é Lynn Bracken, uma personificação de Veronica Lake que se apaixona por Bud White. Sua personagem é a única doce em todo o filme. Quando ela diz calmamente porque ama Bud, você entende porque ela mereceu o Oscar daquele ano.
Pra mim, com certeza o melhor filme de 1997. Não apenas pela ótima história, grandes personagens (e muito bem construídos) e a atmosfera perfeita para um filme policial, mas pelo brilhante trabalho de adaptação de uma história extremamente complicada. Poderia ser confuso, mas aqui é apenas um ótimo filme com uma grande história. Um dos melhores policiais de todos os tempos.

Kim Bassinger e Veronica Lake

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ENCONTRO EXPLOSIVO


NOTA: 6.
- Algum dia. Palavras perigosas. Na verdade, é apenas um código para "nunca".

Este filme é uma confusão, em parte por causa da própria confusão que foi chegar a versão final do roteiro. Originalmente foi escrito como um filme sério e chegou a ter mais umas 3 versões antes de começar a ser filmado. Para os papéis, foram considerados Gene Hackman, Chris Tucker, Eva Mendes, Adam Sandler e Gerald Butler. Até ser finalmente confirmado com Tom Cruise e Cameron Diaz, que já haviam trabalhado juntos em Vanilla Sky.
Roy Miller (Cruise) é um agente secreto (de novo) que conhece June (Diaz) no aeroporto. Eles estão no mesmo vôo para Boston. Quando June vai ao banheiro, Miller mata todos os passageiros e pilotos do avião, que aparentemente também são agentes tentando matá-lo. Ele pousa o avião, a droga para que fique inconsciente e a leva para sua casa. Assim começa a estranha relação entre os dois.
E durante a história, continuam se seguindo muitas cenas de ação, com explosões, efeitos especiais e muitos tiros para um filme que planeja ser uma comédia romântica. Tudo com os problemas de roteiro que não cansam de aparecer durante toda a projeção.
Parte disso pode ser culpa dos últimos sucessos nos cinemas. Filmes com atores desconhecidos estão colocando em dúvida se as pessoas estão indo pro cinema ver astros ou filmes. Então, é possível que os produtores aqui tenham tentado conciliar as duas coisas. Incluir dois astros em um filme que poderia atrair a audiência pela ação e efeitos especiais. Com um orçamento de 117 milhões, rendeu pouco mais de 76 nos cinemas americanos.
Pra mim, parte disso está nos erros que eles consideraram que seriam acertos. Pra começar, pra quê ter um diretor do calibre de James Mangold (Garota interrompida, Identidade, Os indomáveis e Johnny & June) se o forte do filme não é a história ou mesmo os personagens. Talvez fosse melhor ter chamado Michael Bay para este projeto.
Depois, o que adianta ter os dois astros na mão e não aproveitá-los? Em grande parte eles são substituídos por efeitos especiais e até parece em algumas cenas que foram substituídos por animação. Além disso, o desenvolvimento de seus personagens são trocados por cenas de tiroteios e explosões. Chego até a duvidar se os atores viajaram para as locações dos filmes.
Bem. No final, os efeitos não funcionam tão bem assim e as cenas de ação não chamam tanta atenção. Aí fica as perguntas sobre o roteiro, como: afinal, por que ela tem que ir junto com ele na viagem?
A personagem de Diaz passa a maior parte do filme inconsciente. Provavelmente para disfarçar os furos do roteiro. Será que, já que não os roteiristas não sabiam como chegar de um ponto a outro, por que não a colocar desmaiada sem precisar explicar nada e ainda tentar parecer engraçado? Assim como, ele a apaga toda vez que tem uma cena de ação, já que ela se apovara. Então, de uma hora para a outra, ela domina tudo que um espião precisa para sobreviver.
É pedir demais por um filme que não jogue tudo fora por causa de efeitos especiais? Um filme que preze personagem e história e que divirta?
O balanço final é que é um filme que diverte, mas que poderia ser melhor. E só funciona por causa de seus atores, que funcionam tanto como astros de ação como tem um ótimo timing pra comédia. Pena que o filme não seja focado neles. E pena também que algumas pessoas não achem que o cinema ainda precise de astros. Eu acho que precisa.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O EXTERMINADOR DO FUTURO 2


NOTA: 9.
- 29 de agosto de 1997. Dia do Julgamento. Os sobreviventes tiveram que enfrentar um novo pesadelo: a guerra contra as máquinas. Skynet mandou dois exterminadores de volta no tempo. A missão: matar John Connor, meu filho. 

James Cameron apareceu para o mundo do cinema com o terror trash Piranha II: assassinas voadoras. Trash ou não, foi o que o permitiu realizar o primeiro O exterminador do futuro, que custou pouco mais de 6 milhões e praticamente se pagou apenas no seu fim de semana de estréia. Os sucessos comerciais foram permitindo que aumentasse o tamanho de seus projetos: Aliens 2, O segredo do abismo até chegar a esse filme (depois disso, foi True lies, Titanic e finalmente Avatar - que tem orçamento estimado em 237 milhões).
Assim como Sergio Leone fez com sua trilogia do Homem sem nome, Cameron faz com a segunda parte da série que criou: basicamente ele conta a mesma história só que com mais dinheiro, maior e melhor. No primeiro, Schwarzenegger interpretava um exterminador com a missão (ou seria programação?) de eliminar Sarah Connor, que iria dar a luz a um líder da humanidade. Para protegê-la, a resistência mandou um humano, que destruiu a máquina e engravidou Sarah.
Neste segundo, o duelo fica entre máquinas. O modelo do Schwarzenegger, dessa vez, volta para proteger John Connor, e um modelo superior vem para matá-lo, o T1000 feito de metal líquido. Sendo que agora John Connor é um adolescente que mora em um lar adotivo. Sua mãe está internada em um hospício por espalhar a sua teoria sobre o fim do mundo.
Não deve ser fácil ser John Connor. Sua mãe é "louca" e em teoria seu pai só vai nascer há muitos anos no futuro. Fora isso, ele está fadado a se tornar um líder para a humanidade. Ou o que sobrou dela. Mas isso é o futuro, a sua preocupação é sobreviver ao presente.
Aqui, cabe um paradoxo que me lembra A máquina do tempo. No filme, o homem constrói a máquina para salvar a mulher, mas nunca consegue. Se ele conseguir salvá-la, não haveria motivo de construir a máquina. Aqui é a mesma coisa, o T1000 não pode matar John. Se conseguisse e John não existisse, não teriam motivo para mandar uma máquina de volta pro passado. Mas Cameron ignora esse tipo de coisa.
Se um bom filme de ação depende de seu vilão, aqui estamos bem servidos. Schwarzenegger encontrou em uma máquina o papel da sua vida, mas é Robert Patrick quem impressiona. Ele leva tiros, se reconstrói e rapidamente está pronta para outra. Nada o abala.
E a melhor parte: uma mulher em papel de ação que realmente convence. Esqueça Angelina Jolie em Procurado ou Salt, é James Cameron que consegue fazer mulheres fortes em papéis realmente críveis. Tanto a Tenente Ripley, de Aliens 2, quanto Sarah Connor são as melhores personagens de ação que eu consigo lembrar. Jolie que me desculpe, mas ela não tem vez com essas duas. Elas não super-mulheres.
Os efeitos especiais que na época eram revolucionários, hoje em dia ainda funcionam perfeitamente. O filme continua tão atual quanto da época de seu lançamento, e melhor que a maioria dos blockbusters que infestam os cinemas no verão. Melhor rever um exterminador (de Cameron, que fique claro) que seus genéricos. Pena que a série só vai piorando.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

JERRY MAGUIRE


NOTA: 9,5.
- Eu não vou deixar você se livrar de mim. Que tal? Eu te amo. Você me completa.
- Cale a boca. Você me ganhou no "alô.

Este é mais um dos filmes que conseguem o que poucos filme conseguem: a capacidade de ter pelo menos uma cena conhecida por todo mundo, mesmo pelos que nunca assistiram ao filme. Não é por acaso que a frase descrita em cima consta como uma das melhores frases do cinema de todos os tempos. A ponto de ser repetida e parodiada no cinema e na TV.
Eu devo confessar que hoje em dia eu tenho uma certa implicância com Renée Zellweger. Geralmente seus personagens mais recentes são um tanto quanto irritantes para mim. Sempre tão cheios de si. Mas teve uma época em que ela não passava nada disso. Ela passava inseguranças e era amável como poucas poderiam ser. E Jerry Maguire depende disso. Há pelo menos duas cenas que comprovam isso: 1) quando ela larga seu emprego para seguir aquele homem que admira, e 2) quando ela diz para sua irmã que o ama. E aí, a platéia já está fisgada.
Esse homem que ela segue é o personagem título do filme. Jerry, brilhantemente interpretado por Tom Cruise, trabalha como agente de esportes em uma grande companhia. Um dia ele acorda com uma crise de consciência: "Eu odeio meu papel no mundo", ele diz. Ele tem tantos clientes que não consegue se importar com nenhum deles. O que o faz escrever umas definições de metas sobre seu trabalho. Apesar de inspirador, ele acaba sendo demitido.
O saldo não é animador, de dezenas de clientes, Jerry fica reduzido a apenas um: Rod Tidwell (Cuba Gooding Jr.), um jogador encrenqueiro que ainda por cima é considerado muito baixo para jogar futebol americano. Além disso, ele tem um verdadeiro caso de amor ao contrário das relações falidas de seu agente.
A relação de admiração de Dorothy por Jerry logo se transforma numa relação amorosa. Ela se apaixona por ele, e ele se apaixona pelo filho dela. Mas claramente a relação dos dois está fadada ao fracasso. Ele casa para que ela não tenha que se mudar com seu filho para longe dele. Ela mesmo, não é inteiramente inocente. Ela usa os medos dele para ficar cada vez mais próxima. Como ela mesmo diz para sua irmã: "Eu o amo pelo homem que ele quer ser. Pelo homem que ele quase é." Ela não o ama pelo homem que ele é, e enquanto ele não conseguir se transformar nesse homem, eles não podem dar certo.
O único problema do filme, seria um excesso de histórias secundárias que arrastam um pouco o ritmo do filme. Se ele focasse mais nos seus personagens mais importantes, seria perfeito. Mas ainda assim se vale de tantos momentos prazerosos de assistir, e ás vezes tão tenro, que acho difícil de encontrar alguém que não goste ou não vá gostar dele. E quem diria que Cruise, que interpretava tão mal em Top gun, iria se transformar em um intérprete tão competente no futuro?

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O PIOR TRABALHO DO MUNDO


NOTA: 8.
- Então você gosta do albúm "The African child"? Escreveram que esse albúm é a terceira pior coisa pra África. Só está atrás da fome e guerra.

O diretor Nicholas Stoller tem somente dois filmes em seu currículo, e nos dois ele tem o personagem de Aldous Snow (Russel Brand). Jonah Hill também está nos dois filmes, mas seu personagem é diferente. No primeiro, Ressaca de amor, Aldous é coadjuvante, mas o sucesso do personagem parece ter sido o suficiente para ganhar o papel principal neste filme.
Aldous é um rockeiro que sumiu há 10 anos. A razão de seu sumiço é o albúm "The African Child", considerado um dos piores de todos os tempos, e uma das piores coisas á cultura negra depois do espacancamente de Rodney King. Se em Ressaca de amor ele se apresentava sóbrio, aqui ele está de volta à bebida, e às drogas e à muita outras drogas.
Aaron Green (Hill) tem uma missão simples: ele deve voar até Londres e levar Aldous Snow até Nova Iorque para ser entrevistado no Today's show, e depois para Los Angeles onde se apresentará no The Greek (daí o nome original em inglês). Um missão muito simples, na verdade, não tivesse ele lidando com um astro drogado, bêbado e auto-destrutivo.
Aaron sente a ameaça de seu chefe, Sergio. Uma presença constante nas ligações em seu celular: "Por que não atende seu telefone? Eu fui atropelado por carro e atendo o meu telefone.", ele diz para Aaron. Por isso, ele sempre fica tão preocupado, e isso acontece quando perde os vôos, quase perde a entrevista, a passagem de som e até mesmo quando estão em vias de perder o show. Tudo por causa do temperamento  do astro e das drogas. Eles chegam a fumar um Jeffrey, uma mistura de todas as drogas que eu conheço misturado com outras que nem ele mesmo consegue identificar. Por que Jefrey? "Quem ficaria com medo de um Jeffrey?" 
A outra parte do filme não é sobre drogas e festas. É sobre a insegurança dos dois homens. Aaron namora uma médica que quer que ele se mude pra Boston com ela, longe de todo o centro musical. Aldous tem um filho com Jackie Q, que fez dupla com ele no albúm que o detonou. Exceto que sua carreira decolou e ela casou com o baterista no tempo que ele passou "limpo". Talvez essa similiaridade entre os dois é que os faça virarem amigos.
E o que realmente importa aqui é a diversão, certo? Num filme de comédia é indespensável e aqui não falta. E muito mais pela dupla de atores que por qualquer outra coisa. Os dois são ótimos e a garantia de diversão. Há um cuidado para que os dois pareçam duas caricaturas. É isso que faz o filme funcionar. Quando ouvir Aldous cantando "Peguei gonorréia" para uma platéia delirando, você vai entender.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

GLADIADOR


NOTA: 6.
- Hoje eu vi um gladiador se tornar mais poderoso que o Imperador de Roma.

Há pouco tempo reassisti a este filme depois de um longo período. Havia algo nele que me agradava, e que agora descobri que não mais me encanta. Simplesmente percebi que não se trata de um filme tão bom como eu recordava que ele era. Talvez seria melhor se o tivesse apenas guardado na memória.
A foto acima faz jus ao filme. Tudo é meio borrado onde nada possa ser visto claramente. Assim como no filme. Cenas que não precisam de efeitos especiais, como ele andando pelo deserto ou mesmo suas memórias de casa, são ensolaradas. Qualquer outra cena que exija detalhes ou efeitos especiais são embaçadas. Até mesmo cenas onde os gladiadores conversam  podem parecer ensolaradas, mas no momento que pisam no Coliseu o tempo fecha. Os dias são sempre sombrios, chuvosos ou obscuros. Dessa forma, não fica muito espaço para ver os trabalhos de efeitos especiais que ganharam Oscar. Convenhamos também, a concorrência era fraca (O homem sem sombra e Mar em fúria).
Na verdade, a própria vitória na premiação se mostra um reflexo da pobreza daquele ano. Concorrentes: Chocolate, O tigre e o dragão, Traffic e Erin Brockovich. Hollywood já teve anos melhores.
De qualquer forma, acompanhamos a história de Maximus (Russel Crowe), um general do exército romano na vitoriosa campanha contra os bárbaros. Depois da última batalha, o imperador Marcus Aurelius  (Richard Harris) deseja tornar Máximus seu sucessor, ao invés de seu filho Commodus (Joaquin Phoenix, muito antes de enlouquecer). Commodus não aceita a situação, matando o pai e mandando executar Maximus, que consegue fugir para casa apenas para descobrir sua família morta.
Capturado, Maximus é vendido como escravo para se transformar em gladiador. Aproveita a chance de ir subindo no "ranking" para poder lutar em Roma e se encontrar com, o então Imperador, Commodus. E por aí a história vai, culminando na óbvia batalha final.
A história não é das mais interessantes e os personagens não ajudam muito. Maximus passa o filme todo mal humorado. Só consigo me recordar dele rindo em duas ocasiões durante o filme, e as duas são muito breves. Seu humor impede que fale muito durante o filme, o que reduz ainda mais a chance dele falar alguma coisa que preste. Seu braço direito, Quintus, não pensa duas vezes antes de obedecer as ordens de matar a mulher e o filho de Maximus, mas estranhamente se recusa a ajudar seu querido Imperador na luta final. E afinal, para quê a família de Maximus foi morta? Eram alguma ameaça para o imperador? Outra amargurada é Lucilla, que casou mesmo sendo apaixonada por Maximus e depois durante o filme nunca consegue ter seu amado. Como eles se conheceram eu não sei, já que ela é filha do Imperador e Maximus afirma nunca ter pisado em Roma. Já Commodus é um dos vilões mais estranhos que já vi. Apático, medroso e capaz de tentar seduzir a própria irmã. O mais interessante de todos é juba (Djimon Hounsou), mas que infelizmente não pode falar mais que seu protagonista, então em vários momentos apenas grita e grunhe.
Vendo as batalhas, elas não parecem grandes obras de arte. Mel Gibson filmou com muito mais competência em Coração Valente batalhas muito mais complexas. A batalha contra Tigris é confusa (sei que parece repetitivo em filmes de ação eu falar a mesma coisa, mas as cenas estão parecendo cada vez mais confusas). Eles dão uns dois ou três golpes, então corta para um close do rosto de um deles, então Maximus está no chão com um tigre em cima dele, depois o tigre está se contorcendo em outro lugar e por aí vai.
Quem declara que é o melhor filme sobre gladiadores, sugiro que veja (ou reveja) Spartacus. Apesar de não ser sobre gladiadores, Ben-Hur também pode ser visto como uma obra bem superior que se passa na mesma época. São dois clássicos. Já este, só não passará na Sessão da tarde por ter muita violência.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

ARMAGEDDON


NOTA: 2.
- Nenhum de nós precisa ir. Nós podemos apenas sentar aqui na terra e esperar aquela rocha imensa matar tudo e todos.

Poucos diretores tem o "talento" que Michael Bay tem para fazer seus "filmes". Muito barulho, história ridícula, aprofundamento mínimo de seus personagens, clichês (ele usa praticamente todos em seus filmes, mesmo que se repitam), falta de coerência, efeitos especiais, etc. Melhor parar por aqui a lista das "qualidades" de seus filmes.
A "história" é sobre um grande asteróide, do tamanho do Texas, que está vindo em direção à Terra. Como vem em grande velocidade, ele praticamente extinguiria a vida humana assim como aconteceu com os dinossauros. A NASA planeja perfurar o asteróide para plantar uma bomba no meio da rocha e explodir em duas.
É aí que entra Harry Stamper (Bruce Willis), o melhor perfurador do mundo (surpresa!) que construiu um perfurador tão bom que a NASA roubou o projeto para usar em suas missões. Mas é claro que a NASA e seus muitos cientistas conceituados, não conseguiram montar corretamente o projeto (surpresa 2!), então Stamper deve: a) corrigir o projeto da NASA para usar no asteróide e b) ir junto na missão acompanhado de seus amigos perfuradores para atingir a marca necessária da perfuração.
A história é tão absurda, que conta-se que Ben Affleck perguntou a Michael Bay se não era mais fácil treinar astronautas para fazer a perfuração. A brilhante resposta de Bay teria sido: "Cale a boca!"
De qualquer forma, eles pousam no asteróide e andam da mesma forma que eu ando na minha casa. A gravidade só parece ser um problema quando serve para alguma cena de ação. E não vou falar de coisas pegando fogo em lugares sem oxigênio. Afinal, o que importa é a ação e não a lógica, certo? Chega a me impressionar terem usado 9 roteiristas, quando nenhum já era o suficiente.
Vejamos a primeira aparição se Stamper e A. J. (Affleck). Stamper descobre que A. J., que é como um filho para ele está dormindo com sua filha. Com todo amor de pai, ele pega uma espingarda e começa a correr de um lado para o outro atirando nele. Tudo para ter uma suposta cena de ação com alguma graça. O resultado beira o patético.
A criatividade é tanta, que temos um personagem chamado Rockhound (Steve Buscemi), que os criativos roteiristas colocaram como alívio cômico do filme. Só esqueceram de inventar alguma função para ele na missão, já que ele passa o filme todo de um lado para o outro apenas falando besteiras.
Um dos ápices da falta de originalidade, é a famosa e onipresente cena da bomba. Temos um astronauta treinado que tem duas funções: pilotar a nave e cuidar da bomba. Vale lembrar que astronautas são escolhidos a dedo, e que uma de suas qualidades é o QI avançado. Quando chega a hora de desativar a bomba ele fica em dúvida entre qual fio cortar. Azul ou vermelho? Que raios de astronauta é esse que sequer sabe as coisas básicas da sua missão? Será que não havia algum outro astronauta que soubesse pilotar e que consiga lembrar se deve cortar o fio azul ou vermelho? 
O que nos leva a uma segunda pergunta interessante que eu me fiz sobre a bomba: pra quê ela tem um timer de 10 minutos? A missão é perfurar, colocar a bomba e explodí-la. Então, eles que já tem um tempo muito apertado para realizar a missão com sucesso, devem colocar a bomba 10 minutos antes do prazo máximo? E eles ficam depois 10 minutos esperando pra saber se a explosão foi bem sucedida? Ou a melhor resposta: a bomba tem esse timer pra podermos assistir essa "bela" cena dramática.
E quando tudo está se encaminhando para o final, o herói tem que esperar até o segundo final para explodir a bomba. Até o último segundo literalmente, mesmo já tendo o detonador em mãos e só faltando acioná-la. Mas não antes de declarar um "Essa é por você, Grace." Depois disso, cenas ao redor do mundo saudando o sucesso dos heróis americanos. Comparado com este filme, Impacto profundo merece um Oscar.
E antes que alguém diga que pelo menos as cenas de ação são boas, eu declaro que não concordo. As cenas são confusas e muito cortadas, como está na moda dos filmes de ação. Bay abusa tanto dos cortes, que li que a média entre um plano e outro é de 1,5 segundos.
O que interessa aos produtores é que Bay rende dinheiro. Mesmo fazendo os piores filmes possíveis com os orçamentos mais inchados, ele vai bem na bilheteria. Mesmo com esse filme, que mais parece um trailer de mais de duas horas que agride os olhos, ouvidos e principalmente, o cérebro.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE: PARTE 1


NOTA: 7.
- Estes são tempos sombrios, não há como negar. O mundo enfrenta seu pior inimigo.

Muitos falam de como a saga de Harry Potter foi melhorando a cada filme. Apesar de correr o risco de ser apedrejado, acho que a saga teve seu ápice muito antes. Depois de um início não muito animador sob a direção de Chris Columbus, Alfonso Cuarón fez o terceiro filme mais sombrio que seus antecessores. O prisioneiro de Azkaban mostrou que a série poderia ser muito mais. Infelizmente, desde então ninguém conseguiu repetir o sucesso.
Assim chegamos a primeira parte do último livro. Os protagonistas não são mais crianças e a ameaça de Voldemort deixou de ser apenas uma ameaça e passou a se tornar real. Tão real que acompanhamos uma reunião onde ele e o resto de sua gangue planejam a morte de Harry Potter e seus amigos.
Para escapar da ameaça, todos os amigos de Harry Potter tomam uma poção para ficarem iguais a ele. Dessa fora, seus inimigos podem matar várias pessoas ao invés dele, já que ele parece ser a peça mais importante do tabuleiro.
Depois disso, eles passam a maior parte do filme fugindo pelo mundo afora e também perseguindo as tais relíquias da morte, que parecem ser pequenos pedaços da alma de Voldemort. A intenção é destruir as relíquias para atingi-lo. O que me leva a pergunta: por que Voldemort é tão descuidado de deixar pelo mundo pequenos pedaços da sua alma que podem levar á sua morte? De qualquer forma é o que leva boa parte dessa primeira parte adiante.
Para quem nunca assistiu um filme da série, este pode parecer quase incompreensível. O que pode fazer muitos fãs delirarem, é que este filme foi feito para eles. Para mim, que assisti a todos filmes mas nunca fui um fã e muito menos tenho a intenção de ver todos os anteriores antes de assistir a um novo filme, é um pouco confuso. Há toda uma dedicação a lembrar os capítulos anteriores e se manter fiel ao livro.
Assim como se mantém demasiadamente fiel ao livro. A desculpa dos produtores para dividir o filme em dois, é que nenhum detalhe do livro seria deixada para trás. Durante toda a saga, uma de suas forças era se ater aos fatos mais importantes nos filmes. Esse poder de adaptação dava força à série. Essa força se perdeu agora, e em vários momentos eu achei o filme um pouco arrastado.
Se há algo, porém, que impede o filme de cair na mesmice, é seu elenco. Não apenas pela escolha, que se mostra cada vez mais acertada de seus três protagonistas, mas de todo o resto. Provavelmente, os maiores talentos ingleses. Melhor nem começar a citar os nomes ou essa resenha não acaba nunca.
Talvez o que há de melhor da história tenha ficado para a segunda parte. Talvez a segunda parte vai ser avassaladora. É esperar para ver. Uma pena que já foi anunciada em formato 3D, sendo que não foi filmada nesse formato, e sim no tradicional. O problema na conversão que estão fazendo para o filme ficar em 3D, é que o filme perde em qualidade, mas novamente teremos que esperar para ver.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

TRON - O LEGADO


NOTA: 6.5.
- A fronteira digital. Eu sempre me perguntei como seria. Eu imaginava as formas que poderia ter. Então eu passei por ela.

Em 1982, estreou nos cinemas Tron - uma odisséia eletrônica. O projeto não era bem visto na época por causa do grande uso de efeitos especiais. Nenhum filme até então havia usado a tecnologia em tão larga escala. O filme foi um enorme sucesso. Grande parte por causa das inovações. Hoje é praticamente impossível assistir a este filme de tão datado que ele ficou.
Então passamos para 2010. Hoje em dia, quase todos os blockbusters que fazem sucesso são repletos de efeitos especiais e quase nada hoje em dia parece realmente impressionar as platéias do cinema. E quando impressionam, a história decepciona como no caso de Transformers. Então, Tron é que deveria ser o novo divisor de águas, certo? Não é. Divisor da nova tecnologia 3D? Avatar já havia feito isso. Mas ainda assim, este filme pode ser divertido.
Isso, claro, se o espectador estiver disposto a passar por cima de qualquer senso lógico.
Começamos de onde o outro filme parou. Kevin Flynn (um Jeff Bridges rejuvenescido digitalmente), conta sua história do primeiro filme para seu filho, Sam (Garrett Hedlund). Depois ele parte em sua moto e nunca mais volta para casa. Assim, Sam cresce milionário e órfão. Ao invés de assumir a empresa de seu pai, ele faz estratagemas para prejudicar os negócios. Por que ele não assume a empresa ao invés de fazer uma brincadeira? Para o filme poder começar com uma cena de ação, provavelmente.
É depois disso que ele descobre que seu pai mandou uma mensagem depois de duas décadas de desaparecimento. E pelo que se fala no filme, apesar de se passarem 28 anos entre os dois filmes, eles contam que somente 20 anos se passou do desaparecimento de Kevin. Por quê? Um personagem de 20 anos é atrativo melhor que um de 30. Enfim. Assim Sam vai se juntar ao mundo virtual de Tron e jogar freesbees cibernéticos.
Depois disso entramos no mundo virtual, e as coisas que faziam pouco sentido, começam a fazer menos sentido ainda. Aí entram os dois trunfos fortíssimos do filme. O primeiro é o próprio mundo virtual, que chega a impressionar pela modernidade ao mesmo tempo em que tenta se manter fiel ao original. Nem tão fiel que  o faça parecer tosco como o primeiro parece hoje, mas a ponto de ser reconhecível. Um trabalho fantástico. E o melhor de tudo no filme, uma trilha sonora sensacional que toma conta do filme. Em poucos casos a trilha se incorpora com tanta propriedade quanto aqui.
Poderia dizer também do trunfo de ter Bridges, mas isso chega a ser covardia. Poucos atores conseguem o que ele consegue. O número que chegou na idade dele fazendo isso se torna menor ainda. Isso tudo, apesar de sua versão digital que fala sempre com uma boca esquisita. Espero que essa forma digital não seja a próxima geração do cinema. A técnica somente mostra o quanto é essencial a presença de atores reais, apesar da tecnologia impressionar consideravelmente. Por isso, vale destacar que Hedlund faz um trabalho competente ao lado de Olivia Wilde.
Apesar de tudo, Tron está fazendo bonito nas bilheterias. E é isso que importa aos produtores. Se eles quisessem alguma coisa além disso, teriam contratado um diretor e roteirista melhores para caprichar mais na história, que é uma confusão só. O que importa é ação, som e o 3D. E isso eles entregam satisfatoriamente.
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