NOTA: 8.
- Se você tivesse a chance de mudar seu destino, você o faria?
Desenhos animados costumam levar muitas crianças para os cinemas e também seus pais, que os acompanham. Como se trata de um filme da Pixar, geralmente ambos ficam satisfeitos, mas infelizmente esse não é o caso aqui. Apesar de ser um bom desenho animado, está longe de ser uma unanimidade como Procurando Nemo, Toy Story ou Wall-e. A boa notícia é que em termos de animação está melhor do que nunca, e o ruivo cabelo encaracolado de nossa jovem heroína está aí para provar.
Eu mencionei o cabelo, porque poucas vezes se vê como ele pode representar tão bem a personalidade de uma personagem. Rapunzel tinha um cabelo muito interessante, mas era um penteado certinho assim como ela era extremamente submissa. Aqui, Merida é dona de uma vasta cabeleira esvoaçante. Ao contrário da outra heroína citada, Merida é livre e ativa. Ela faz acontecer ao invés de esperar que algum príncipe encantado venha em seu resgate. E isso já a faz ser diferente de qualquer outra princesa que a Disney já teve, e a primeira protagonista feminina da Pixar.
Assim como a Katniss, de Jogos vorazes, Merida é perita em arco e flecha, sendo que ela pratica por esporte e não pra se alimentar. Ela anda feliz pela floresta com seu cavalo para o desgosto da rainha, sua mãe, que iria gostar mais se ela se comportasse como a princesa que é. "Uma princesa não coloca sua ara na mesa", ela diz. Quando finalmente atinge a idade de se casar, a rainha arruma tudo para que o marido de Merida seja escolhido entre os pretendente, que são os demais herdeiros dos outros clãs da Escócia.
Furiosa por não ter nenhuma escolha no assunto que vai definir seu futuro, Merida consegue a ajuda de uma bruxa que vive na floresta. A velha, que finge vender apenas artigos de madeira que ela mesmo entalhou, lhe dá uma poção que poderia deixar a menina livre, mas em consequência sua mãe acaba ficando em perigo. Percebendo que pode perder sua mãe para sempre, Merida parte em seu resgate para tentar reparar seu erro, e durante a jornada mãe e filha finalmente se conhecem de verdade e começam a tentar entender melhor uma à outra.
As cavalgadas que Merida dá servem para duas coisas: 1. Para apreciarmos o mundo em que ele vive. Vemos o que ela gosta e percebemos o que ela tem a perder se casar; e 2. Nos fazendo apreciar o mundo da princesa, a Pixar nos delicia com uma Escócia espetacular, colorida e com detalhes tão realistas que são de tirar o fôlego. Não sei dizer se a realidade é tão bonita assim, mas realmente é muito bonito de se ver mesmo aqui no desenho.
Merida está longe de ser uma princesa tradicional dos contos de fada. Pra mim, é interessante vê-la como uma feminista que luta para mudar seu destino. Ainda que isso aconteça com um pouco de mágica, é seu esforço que altera "a ordem natural das coisas". É a Pixar entrando no "mercado das meninas", mas entrando de forma totalmente diferente do que já tínhamos visto até agora. Ainda que não seja uma obra-prima como ficamos acostumados de ver, é um desenho muito interessante.
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