NOTA: 10.
- Mamaji me disse que você tem uma história que me faria acreditar em Deus.
O novo filme do diretor Ang Lee exige que você dê um salto de fé e embarque de cabeça na viagem do jovem indiano Pi Patel, o único sobrevivente de um naufrágio que fica em um barco junto com um tigre de bengala chamado Richard Parker. Nessa adaptação de um livro que muitos consideravam que não podia ser adaptado, o oceano nunca me pareceu antes tão furioso e cheio de ironias quanto agora, o que transforma a jornada dos dois num filme tão corajoso cinematograficamente falando, que se a vida deles não tivesse em risco eu desejaria que a viagem não terminasse nunca.
Depois de um breve prólogo que mostra a família de Pi, que tem um um hotel com um zoológico, a história foca principalmente nos 227 dias que Pi Patel fica à deriva no oceano. O jovem de apenas 17 anos, faz a transição para a vida adulta passando por provações e adaptações para se manter vivo. É uma viagem que acontece muito dentro da cabeça do rapaz, e Lee foi capaz de intensificar seu poder através de efeitos especiais e 3D com originalidade. O 3D não está lá apenas para parecer bonito, ele tem uma função. No oceano, a água parece estar em nossa volta, e quando o tigre ruge parece estar rugindo para nós. Nunca é usado para dar sustos ou coisas do tipo, apenas para imersão do espectador no filme.
O nome do personagem veio de uma visita que seus pais fizeram a uma piscina francesa. Eles ficaram tão impressionados que resolveram colocar o nome do filho de Piscine. Claro que esse tipo de nome o traria problema na maior parte do mundo, o que o faz tentar mudar sua sina adotando o nome de Pi, que em matemática é uma constante que começa com 3,14 e é seguida de tantos outros números que parece não acabar nunca. Se Pi não parece ter limites, talvez seja o nome apropriado para um rapaz que não quer aceitar os seus próprios limites.
Há duas cenas do prólogo que merecem atenção. Uma é o garoto escrevendo TODOS os números de Pi no quadro (na verdade, ele usa uns 4 ou 5 quadros diferentes), mostrando sua obstinação. A segunda é seu encontro com Richard Parker ainda no zoológico, que mostra que este é de fato um animal e que de fato está preso aos seus instintos naturais. Nem a plateia nem ninguém do filme pode pensar que se trata de um tigre versão Disney.
E é esse detalhe do tigre que faz toda a diferença no decorrer do filme. Em nenhum momento o filme fica maçante pelo fatos de estarem dentro de um barco. Animais selvagens são imprevisíveis, as rações para sobreviverem em alto mar não irá durar pra sempre e somente os fortes sobrevivem. Essa é a lei entre os animais, seja na selva ou dentro de um barco.
Há uma parte do filme que se passa em uma ilha e que pode levar o espectador a se perguntar a veracidade da história contada. Minha sugestão: não façam essa pergunta. Abracem o filme como ele é. Cada cena, cada fotograma, é real. Como foi dito uma vez, um frame é uma verdade. Cinema é 24 verdades por segundo. E a verdade de Ange Lee nos rende uma obra prima e um dos melhores filmes do ano.
Fiquei pensando no filme uns 3 dias seguidos...a relação dele com a nossa vida diária. Manter e vigiar o "predador" para sempre estar alerta e continuar lutar pela a nossa "sobrevivência". A ilha da acomodação, é facil viver e ficar nessa ilha, porque ficar nela você sobrevive mas qualquer descuido você deixa de Viver. :)Alini Raquel
ResponderExcluirMuito bem colocado.
ExcluirColoco As aventuras de Pi, no top 5 de 2012. Simplesmente maravilhoso. É muito bom ver diretores como Ang Lee fazerem uso correto de 3D e efeitos visuais. O final em que pi fica mastigando a história me encomodou um pouco, mas o conjunto em sí, é fenomenal. Quero a edição em bluray que a fox vai lançar em abril, 3 discos.
ResponderExcluirFiquei curioso pra ver essa versão agora.
ExcluirAbraços.