NOTA: 9.
- O que você acha do negócio de caçador de recompensas?
- Matar homens brancos e ser pago por isso? O que tem para não gostar?
Enquanto vários diretores procuram fazer filmes maiores e mais ambiciosos, Quentin Tarantino continua "reescrevendo a história" e subvertendo gêneros. Reverencia filmes B do passado e os coloca sob uma nova perspectiva mais atual. No caso, os faroestes spaghettis que alcançaram seu ápice com Sergio Leone (pra mim, em especial com Três homens em conflito) misturado com blacksploitation (da onde surgiu Shaft). Ao mesmo tempo que coloca muita ironia, não foge do importante tema sobre racismo.
O diretor já conquista as plateias com a abertura do filme. Dois homens brancos lideram uma fila de escravos no meio de uma floresta totalmente escura. Ao longe, observamos uma luz fraca se aproximar do grupo. É uma carroça com um ornamento em forma de um dente conduzida por King Schultz (Christoph Waltz), que começa a negociar com uma formalidade e educação, que o acompanhará por todo o filme, um escravo que já trabalhou uma fazenda com três homens que ele está caçando.
Digo caçando e não procurando. A carroça de dentista é apenas um disfarce, e Schultz é um caçador de recompensas atrás do dinheiro oferecido pelos homens da tal fazenda. E o escravo, claro, é Django (Jamie Foxx), com o "D" mudo. Os dois partem juntos à caça e atrás do dinheiro. A diferença é que agora ele é um ex-escravo, já que não é de interesse de Schultz ser dono de ninguém.
Claro que se poderia perguntar como Schultz andava no meio da noite em uma floresta escura procurando por escravos. Não só ele dificilmente saberia onde exatamente procurar os escravos como não encontraria o escravo que está procurando, mas isso pouco importa. A cena é maravilhosa e é apenas a primeira de muitas outras que Tarantino nos presenteia. A verdade é que Schultz é um personagem de contos de fada. Não somente ele sabe como encontrar Django, como ele sabe como encontrar todo e qualquer homem com rostos em pôsteres de "Procurado vivo ou morto". Depois de encontrarem os primeiros alvos, os dois se tornam parceiros durante o inverno, depois disso eles vão tentar encontrar a esposa, também escrava.
A busca os leva até Candyland, que é regida por Candie, interpretado por um Leonardo DiCaprio extremamente sedutor. Para Django não podia ser pior, pois Candyland fica no Mississipi, um dos estados mais racistas nos EUA. E aqui entra o personagem mais surpreendente do filme, que é Stephen (Samuel L. Jackson), um negro que consegue ser pior com os escravos que qualquer outro branco em todo o filme.
Ao contrário de seu filme anterior, Bastardos Inglórios, o filme segue de forma muito mais agradável sem personagens secundários que ganham muito espaço na tela e praticamente sem flaskbacks. Estes, mesmo quando aparecem, são curtos, e em um dos casos é extremamente bobo e serve apenas como uma piada no meio do filme.
Como é um filme de Tarantino, não está longe de polêmicas. Alguns reclamam da violência extrema e outros do uso excessivo da palavra que começa com "N" quando se referem a uma pessoa de cor. Bem, a violência sempre está presente em seus filmes e acredito que a palavra provavelmente era muito usada mesmo. Provavelmente tudo parte de um plano. Os filmes dele não se baseiam no nosso mundo. As histórias ocorrem em seus filmes com uma liberdade que não existe. E para quem gosta, é um prato cheio.
- Matar homens brancos e ser pago por isso? O que tem para não gostar?
Enquanto vários diretores procuram fazer filmes maiores e mais ambiciosos, Quentin Tarantino continua "reescrevendo a história" e subvertendo gêneros. Reverencia filmes B do passado e os coloca sob uma nova perspectiva mais atual. No caso, os faroestes spaghettis que alcançaram seu ápice com Sergio Leone (pra mim, em especial com Três homens em conflito) misturado com blacksploitation (da onde surgiu Shaft). Ao mesmo tempo que coloca muita ironia, não foge do importante tema sobre racismo.
O diretor já conquista as plateias com a abertura do filme. Dois homens brancos lideram uma fila de escravos no meio de uma floresta totalmente escura. Ao longe, observamos uma luz fraca se aproximar do grupo. É uma carroça com um ornamento em forma de um dente conduzida por King Schultz (Christoph Waltz), que começa a negociar com uma formalidade e educação, que o acompanhará por todo o filme, um escravo que já trabalhou uma fazenda com três homens que ele está caçando.
Digo caçando e não procurando. A carroça de dentista é apenas um disfarce, e Schultz é um caçador de recompensas atrás do dinheiro oferecido pelos homens da tal fazenda. E o escravo, claro, é Django (Jamie Foxx), com o "D" mudo. Os dois partem juntos à caça e atrás do dinheiro. A diferença é que agora ele é um ex-escravo, já que não é de interesse de Schultz ser dono de ninguém.
Claro que se poderia perguntar como Schultz andava no meio da noite em uma floresta escura procurando por escravos. Não só ele dificilmente saberia onde exatamente procurar os escravos como não encontraria o escravo que está procurando, mas isso pouco importa. A cena é maravilhosa e é apenas a primeira de muitas outras que Tarantino nos presenteia. A verdade é que Schultz é um personagem de contos de fada. Não somente ele sabe como encontrar Django, como ele sabe como encontrar todo e qualquer homem com rostos em pôsteres de "Procurado vivo ou morto". Depois de encontrarem os primeiros alvos, os dois se tornam parceiros durante o inverno, depois disso eles vão tentar encontrar a esposa, também escrava.
A busca os leva até Candyland, que é regida por Candie, interpretado por um Leonardo DiCaprio extremamente sedutor. Para Django não podia ser pior, pois Candyland fica no Mississipi, um dos estados mais racistas nos EUA. E aqui entra o personagem mais surpreendente do filme, que é Stephen (Samuel L. Jackson), um negro que consegue ser pior com os escravos que qualquer outro branco em todo o filme.
Ao contrário de seu filme anterior, Bastardos Inglórios, o filme segue de forma muito mais agradável sem personagens secundários que ganham muito espaço na tela e praticamente sem flaskbacks. Estes, mesmo quando aparecem, são curtos, e em um dos casos é extremamente bobo e serve apenas como uma piada no meio do filme.
Como é um filme de Tarantino, não está longe de polêmicas. Alguns reclamam da violência extrema e outros do uso excessivo da palavra que começa com "N" quando se referem a uma pessoa de cor. Bem, a violência sempre está presente em seus filmes e acredito que a palavra provavelmente era muito usada mesmo. Provavelmente tudo parte de um plano. Os filmes dele não se baseiam no nosso mundo. As histórias ocorrem em seus filmes com uma liberdade que não existe. E para quem gosta, é um prato cheio.
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