NOTA: 10.
- O mundo é como uma grande máquina. Máquinas não vem com partes extras, sabe? Eles vem com a quantidade de peças necessárias. Então eu imaginei que se o mundo fosse uma grande máquina, eu não podia ser uma parte extra. Que deve haver um motivo para eu estar aqui.
Este filme tem uma temática infantil, sim. Mas não se enganem. O filme é uma mera desculpa (com o perdão da palavra) para que o diretor Martin Scorcese, conhecido como um dos grandes cinéfilos do cinema, escrevesse uma carta de amor à sétima arte. É um filme como nenhum outro que o diretor tenha feito, mas ainda assim é o que parece mais próximo ao coração dele. À sua paixão.
Vou além disso. Scorcese, que sempre apareceu um pouco avesso à novas tecnologias no cinema fez o filme com o melhor uso do 3D que vi até agora. Por mais estranho que parece, Hugo parece apresentar o futuro da tecnologia, e ela pertence à Scorcese. E logo num filme sobre um homem que inventou os efeitos especiais.
Ao contrário de filmes que costumamos ver dele, aqui acompanhamos a história de um órfão (Hugo, interpretado por Asa Butterfield) que vive em uma estação de trem parisiense. Seu pai, que trabalhava em um museu e morreu num acidente, consertava relógios e outros objetos mecânicos. Talento que o garoto aprendeu e usa para manter os relógios da estação funcionando, trabalho que é do seu tio que quase nunca vemos. Ele diz que enquanto os relógios estiverem funcionando, ninguém notará que está ali sozinho.
Antes de morrer, seu pai (Jude Law) estava tentando consertar um autômato que encontrou no museu em que trabalhava. Pai e filho trabalhavam nas horas vagas procurando peças que servissem, mas o acidente aconteceu antes que completassem o serviço. Além disso, há uma chave em formato de coração essencial para fazer com que funcione. O menino continua tentando encontrar as peças necessárias na esperança que o autômato tenha uma mensagem do seu pai enquanto foge do inspetor da estação (Sacha Baron Cohen), se escondendo por passagens estranhas e roubando alimentos para viver (ele prefere isso a ser tratado como um órfão).
Sua vida na estação fica mais complicada depois que um velho (Ben Kingsley) dono de uma loja de artigos de mágica na estação. O velho é na verdade George Melies, um dos pioneiros do cinema de ficção e inventor do autômato, mas Hugo não sabe disso.
O filme tem duas partes distintas. A primeira é sobre Hugo e sua vida na estação. Dessa mesma forma, conhecemos quase todos os personagens que precisamos conhecer no filme, pois praticamente estão todos lá. É a segunda parte parte que deve encantar qualquer amante do cinema, através de flashbacks que traçam a carreira de Melies (que qualquer pessoa deve reconhecer seu filme mais famoso, A viagem para a Lua). Scorcese já havia feito documentários sobre a história do cinema (que também virou um livro), e agora usa todo o seu conhecimento para fazer este filme. Em especial para recriar os filmes de Melies.
Assim como O artista contava uma parte do cinema, a transição do cinema mudo para o falado, Scorcese celebra o nascimento do cinema ao mesmo tempo que praticamente pede uma preservação dos filmes antigos (uma causa do diretor). Há muitas cenas emocionantes no filme, especialmente pela busca de Hugo e sua amiga (uma menina criada por Melies interpretada por Chloe Grace Moretz) em fazer com que o velho não se esqueça de seu passado. Uma obra prima apaixonada pelo cinema em todos os sentidos.
oi,
ResponderExcluirbonito filme, não?
fiquei interessado: qual o documentário sobre a história do cinema feito por Scorsese?
um abraço
Se chama "Uma viagem com Martin Scorcese pelo Cinema Americano" (no original: A Personal Journey with Martin Scorsese Through American Movies).
ResponderExcluirFoi feito nos anos 1990, mas é um pouco difícil de encontrar.
Eu mesmo nunca encontrei.
Mais fácil de encontrar e que recomendo muito é o livro, que é uma compilação desse documentário. "UMA VIAGEM PESSOAL PELO CINEMA AMERICANO".
Espero que tenha ajudado.
Abraços.
Obrigado, colega.
ExcluirAbraço