quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

UM SONHO DE AMOR - IO SONO L'AMORE


NOTA: 9.
- Você não me conhece mais.

Tilda Swinton é uma atriz fantástica que pode fazer praticamente todo o tipo de papel. Se fosse mais bonita, teria muito mais oportunidade de bons papéis e, provavelmente, mais fama. Talvez seja por isso que a atriz inglesa foi para a Itália para fazer o papel de uma russa casada com um rico homem de negócios de Milão, na Itália. Será que ela sabia o que significava ser parte daquela família? Que tipo de família era aquela em que estava se metendo? Eu duvido.
No início do filme, a vemos preparando a sua casa para servir um grande jantar de família. O aniversário é do patriarca da família, Edoardo (Gabriele Ferzetti). Entre os convidados estão seu marido, filho de Edoardo, e seus dois filhos além dos convidados. Alguns deles que ela sequer parece ter afinidade. Emma (Swinton) não parece tanto uma convidada, mas mais uma empregada responsável de organizar aquele evento. Ao final do jantar o velho Edoardo diz que está se aposentando e que vai deixar o filho no seu lugar tomando conta da empresa, o que não é nenhuma surpresa. A surpresa é que ele também deixa seu neto, Edo (Flavio Parenti) com a mesma responsabilidade.
Se ela está satisfeita com a decisão do velho é difícil saber. Swinton não expressa as emoções da sua personagem com palavras ou mesmo expressões faciais. Sua personagem se expressa através de seus atos. E um ato sempre se repete, em todos os eventos em sua casa, ela se retira de fininho e fica dentro do seu quarto longe da festa e agitação que está acontecendo. Se ela sabia ou não em que tipo de família ela estava se metendo nós não sabemos, mas sabemos que não se sente confortável naquele meio.
A família Recchi parece viver de um certo modo durante um bom tempo. Talvez até mesmo durante algumas gerações. Cada um deles parece ocupar seu lugar na aristocracia. Eles parecem pertencer aquele lugar. Estar entre aquelas pessoas não exige esforço. O mesmo não acontece com ela. Ela parece se esforçar para estar ali. Ela fala italiano com fluência, mas seu sotaque russo não a abandona. Uma lembrança que ela não pertence ali.
Algo muda nela quando descobre que sua filha é lésbica. Ela lê em uma carta não escrita para ela, e a princípio fica um pouco chocada. Mas depois esse choque dá lugar a outra coisa, e parece despertar novamente sua sexualidade. Quando sua filha lhe conta, ela não reage como mãe, mas sim como mulher. O que começa aqui acaba com Emma tendo um caso com um amigo do filho. É esse caso que vaio levar o filme até seu desenlace. 
Muito mais não cabe contar. O filme é de uma riqueza impressionante. Seja em detalhes, profundidade ou mesmo material humano. Swinton faz um trabalho brilhante como a mulher que fica dividida entre a tradição (que nem é sua) e seus desejos. Seus sentimentos. Um trabalho fantástico de uma atriz extraordinária. 

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