NOTA: 9.
- Você é um psicopata.
- Não, eu sou um contratado.
Na década de 1940 esse tipo de filmes não eram tão incomuns e eram bem aceitos pelo público. Misturavam uma certa seriedade na trama misturada com situações absurdas para fazer uma boa comédia. Em 1959, Billy Wilder repetiu o feito e manteve seu filme em preto e branco para que a aparência dos atores não causasse estranheza no público. Neste filme, de 1982, o gênero aparece novamente mas dessa vez em cores mas ainda assim como uma boa comédia. Ao contrário as péssimas produções atuais como As branquelas e outros lixos do gênero.
Dustin Hoffman interpreta Michael Dorsey, um personagem que deve ter sido inspirado no próprio ator antes de fazer sucesso. Dorsey é um ator muito talentoso mas também muito intempestuoso, por isso criou para si uma péssima reputação de encrenqueiro. Quando vai falar com seu empresário George Fields (o também diretor Sydney Pollack), este lhe avisa que ninguém em Nova York ou até mesmo em Hollywood irá contratá-lo. Ninguém quer trabalhar com ele.
Um dia, Dorsey acompanha uma amiga sua em um teste para um papel em uma novela, mas ela não consegue o papel. Dorsey volta para casa e resolve ele mesmo se travestir para tentar o papel e acaba o conseguindo depois de mostrar que pode ser uma "mulher forte" como eles querem. Michael Dorsey pode não conseguir ser contratado, mas Dorothy Michaels tem um trabalho fixo na TV agora.
Talvez muitos possam pensar que este também deveria ter sido filmado em preto e branco para que Hoffman parecesse mais natural. Para mim ele funciona de uma certa maneira peculiar. Disfarça a voz através de um sotaque que criou para o personagem. A roupa é muito exagerada, assim como a peruca e seus óculos, mas tudo faz parte do conjunto. Quem nunca viu nas ruas uma mulher exagerada que parecia uma drag queen? Ele é um homem vestido como uma mulher que parece uma drag. Por isso acredito que funciona.
Assim como acredito que funciona tão bem porque é também uma grande comédia. Mesmo que as maquilagens e as roupas não funcionassem em algum nível, ainda assim restaria um filme com ótimas cenas e muitas risadas. Especialmente nas cenas entre Hoffman e Bill Murray, que interpreta seu amigo Jeff. Mais impressionante ainda que todas as falas de Murray foram improvisadas por ele.
Dorsey começa a ter que conviver com um ator da novela que parece se apaixonar por ele, uma "namorada" que acredita que ele está tendo um caso com Dorothy (apesar dele afirmar ser impossível) enquanto ele mesmo começa a se apaixonar por uma das atrizes da novela interpretada por Jessica Lange e que vê um Dorothy uma ótima amiga.
O melhor de tudo é que o filme não é tão superficial como parece ser. Dorothy começa a tomar vida própria por conta da sua popularidade. E se torna mais um problema que ele deve enfrentar. Situação que até mesmo dificulta sua saída da novela. Além disso, é um filme que se torna muito tocante, especialmente no final. E surpreende que um comédia tenha tanta delicadeza.
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