- É uma agonia porque ele é um grande ator que quer ser uma estrela do cinema, e você é uma estrela do cinema que quer ser uma grande atriz. Este filme não vai ajudar nenhum dos dois.
É difícil explicar o fenômeno que era Marilyn Monroe nos anos 1950. Ela não era uma simples estrela do cinema, era um furacão que causava uma revolução por onde passava. Ela imprimia uma ideia na mente das pessoas naquele tempo. Provavelmente em toda a humanidade. Para os homens o maior objeto de desejo, para as mulheres um ideal a ser seguido. Ela conseguia incorporar vulnerabilidade, doçura, medos e esperanças.
E a única forma desse filme funcionar, era achar uma protagonista que conseguisse passar essas qualidades, e eles encontraram em Michelle Williams. Claro que não inteiramente, afinal, dificilmente surgirá outro furacão Marilyn, mas o forte batom vermelho, o cabelo dourado e certos ângulos de câmera nos fazem lembrar um pouco a estrela. Ainda assim, Williams consegue fazer com que tenhamos vontade de abraçá-la e ficar junto dela.
Baseado em uma história real de Colin Clark (Eddie Redmayne), um jovem amante de cinema que conseguiu na marra um emprego na produção de O príncipe encantado, filme rodado na Inglaterra dirigido e estrelado por Laurence Olivier e também estrelado por Marilyn Monroe. Seu marido na época era o roteirista Arthur Miller, e durante uma semana ele se afastou da Inglaterra e a atriz pediu a companhia de Colin durante esse tempo.
Muitos diziam que Marilyn se fazia de pobre coitada para conseguir a simpatia de todos. Seria parte do que a tornou uma grande estrela. No filme, o que vemos é uma mulher insegura de suas capacidades como atriz e como ícone. Ela se sente solitária. Colin é apenas uma boa companhia para alguém que não quer ficar sozinha. Todos a tratam como se fosse a Marilyn Monroe, o jovem a vê como uma mulher. Ele vê a através de tudo isso.
Colin é também diferente dos homens com quem ela costuma sair. Joe DiMaggio (jogador de baseball). Robert Mitchum, John e Bobby Kennedy, todos grandes nomes que não costumavam ficar à sombra de alguém. E para ela, aparentemente também figuras paternas que ela nunca teve. Ela era esperta, mas não tinha confiança nisso. Se cercava de pessoas inteligentes. No cinema, contratava a mulher de Lee Strasberg como se não fosse capaz de fazer um filme sem ela, o que irritava profundamente Olivier por atrasar as filmagens.
Não há exatamente uma história a ser seguida aqui. Baseado no diário que Colin escreveu nessa semana, o que vemos é como ele parece deslocado nesse meio. Ele é cercado de outras pessoas mais interessantes que ele. Temos Olivier (Kenneth Branagh), que mistura fúria pelo comportamento dela misturado com uma paixão impossível. Paula Strasberg (Zoe Wanamaker) que parece ter uma fixação por ela esquecendo tudo à sua volta. E Arthur Miller (Dougray Scott), desconectado do mundo que ela cria ao seu redor.
Para completar o elenco, temos Julia Ormond como Vivien Leigh, a mulher de Olivier que consegue perceber tudo que se passa entre os dois antes mesmo dele. Jude Dench como Sybil Thorndike, que ensina a Olivier que não importa se Monroe sabe interpretar ou não, pois uma vez que ela estivesse em cena ninguém conseguiria olhar para qualquer outra coisa. E Toby Jones, como um assessor de imprensa irrelevante que some de uma hora para outra.
O filme funciona como se fosse um making of das filmagens. É interessante, mas assim como nos filmes de Marilyn o interessante não é a história, e sim ela própria. Nesse caso, o interessante é a performance de Michelle Williams. Ela é capaz de mostrar diferentes Marilyns, a que somente aparecia para as pessoas íntimas, a que interpretava para o público e a que fazia os filmes. Quase ninguém realmente a conhecia, mas esse parece ser um retrato bem fiel. Trabalho brilhante que valeu uma indicação à Williams e Branagh ao Oscar.
Desculpa pedir aqui ..
ResponderExcluirMais seria legal uma resenha sobre Os Vingadores!
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Abraços.