segunda-feira, 16 de abril de 2012

UM SONHO DISTANTE - FAR AND AWAY


NOTA: 5.
- Eu tentei me provar para você, mas eu não sei nada sobre livros, alfabetos, ou o sol ou a lua. Tudo que eu sei é que Joseph ama Shannon.

É impressionante como um filme com tanto apuro visual como este pode conter tão pouco conteúdo inteligente. É uma história tão simples e banal que parece não ter nenhuma outra intenção que não seja voltada para agradar os adolescentes da época. Parece ainda pior que uma produção tão grandiosa coloque um astro do nível de Tom Cruise (na época, já tinha feito Top Gun, Nascido em 4 de julho, Negócio arriscado entre outros) para contar nada.
Ele é Joseph Donelly, filho de um pobre trabalhador que tem a casa queimada por capangas que trabalham pro dono das terras bem no dia do enterro do pai. Isso faz com que ele parta atrás de vingança, indo atrás do dono das terras para matá-lo. Atrapalhado, tudo que consegue é acabar ferido onde é cuidado pelo "inimigo". É na casa dele que tem contato com a rebelde e moderna Shannon Christie (Nicole Kidman).
Ela está cansada de bancar a filhinha perfeita de seus pais. Ela quer ser moderna como acredita que é, e para isso deseja ir para América, onde acredita que há tanta terra que estão dando de graça. Joseph é a chance dela de finalmente conseguir sair daquele lugar. Ela pede pra ele acompanhá-lo e ele vai, afinal, o que teria a perder? Claro que o encontro entre os dois não é apenas coincidência, mas a base do filme. Como todos os personagens são tão transparentes quanto parecem ser, tudo acontece através de coincidências. A arbitrariedade parece ser a única forma de fazer o filme seguir para algum lugar.
Como tudo é previsível, nada mais óbvio do que a velha fórmula de sempre. Eles viajam como irmãos e passam por um longo período de antagonismo antes de perceberem que são apaixonados um pelo outro. Claro que todos podem ver que eles são feitos um para o outro, mas eles só conseguirão perceber isso muito tempo depois. Os dois chegam em Boston onde ficam em um bordel. Talvez houvesse outro lugar pra ficarem, mas o filme teria menos cores. Se realmente há um motivo para ficarem lá, não descobrimos. Talvez seja mais uma simples coincidência.
A história não melhora muito. Joseph se transforma em um boxeador. Há diversos trabalhos que ele poderia fazer, mas como o filme não faz ideia do que seja o personagem ou mesmo que descubra uma forma de torná-lo interessante, por que não boxe? Especialmente quando se pode fazer com que ele saia e volte pro mesmo lugar que estava sem acrescentar nada para o filme ou para o personagem.
Eventualmente, um infortúnio acontece e eles acabam tendo que se separar. Como num conto de fadas, os dois resolvem ir para o mesmo lugar: Oklahoma, onde há uma corrida atrás de terras. Mais ainda, os pais de Shannon decidem ir para América também, onde para satisfazer a filha eles vão participar da tal corrida, de forma que todos podem se encontrar novamente. Incluindo o chefe dos capangas que queimaram a casa de Joseph. Afinal, todo filme precisa de um vilão, certo?
A corrida pelas terras é até interessante, mas nada que melhore muito o filme. Principalmente porque o filme não tem nenhum personagem forte. Todos os personagens são contraditórios e confusos. E ainda pior, nenhum deles tem algo interessante ou inteligente para dizer. Lindas paisagens filmadas de maneira espetacular, bons cenários e só. Muito pouco para manter a platéia interessada.

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