quinta-feira, 12 de abril de 2012

HITCHCOCK TRUFFAUT 34: SOB O SIGNO DE CAPRICÓRNIO - UNDER CAPRICORN (1949)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui. 

NOTA: 5.
- Você é um ex-condenado. Sabe qual será sua pena se for acusado de novo?

Este é outro filme único na carreira do diretor, e mais um do qual ele se arrependeu de ter realizado. O motivo principal, é que ele aceitou fazer este filme porque com essa história isso lhe permitiria trabalhar com Ingrid Bergman. A atriz na época era a maior estrela de Hollywood (já havia até feito sucessos como Casablanca), e a vaidade falou mais alto. Ele queria poder dizer que todos os estúdios queriam Bergman, mas ela havia escolhido o seu filme independente. Uma coisa que considerava uma vitória contra a indústria, mas que depois reconheceu ser um ato infantil.
Outro erro que ele reconhece, é uma escolha errada de seus roteiristas. Um era um amigo pessoal do diretor, mas profissionalmente inexperiente. Outro escrevia peças de teatro, mas tinha um problema: escrevia peças que tinham um ótimo primeiro e segundo ato, mas que nunca terminavam bem. E esse é um dos problemas do filme. Não que ele se desenvolva de maneira excepcional, mas com certeza os quinze minutos finais do filme se arrastam para tentar elucidar a trama.
O filme se passa em 1831, na Austrália, onde um ex-condenado, Flusky (Joseph Cotten), consegue sua riqueza mas não consegue ser bem visto pela sociedade. Ele é casado com Lady Henrietta (Ingrid Bergman), uma mulher com problemas de alcoolismo. O primo dela chega e se aproxima do casal, e juntos eles acabam descobrindo um estranho plano da governanta de envenenar Henrietta por amor à Flusky, e que este cumpriu pena por conta de um crime que Henrietta cometeu.
O filme apresenta alguns elementos que são característicos do diretor. A governanta que tem o tom misterioso já havia aparecido em Rebecca, o envenenamento progressivo é outra coisa que já havia sido em Interlúdio (com a própria Bergman repetindo o ato) e o peso do passado que se repete em alguns outros filmes. Mas nada que na verdade justifique o uso desses elementos. O mestre do suspense usa os elementos que conhece tão bem em um filme que nada tem de suspense.
Na época, alguns admiradores do diretor chegaram a declarar, no tempo do lançamento, este como o melhor filme de Hitchcock. Eu não vi nenhuma qualidade que justificasse esse título. O filme é um romance de época baseado em um livro que era uma comédia. Aqui nada há de engraçado. Fica apenas um longo e muito elaborado ensaio sobre os tormentos da consciência e do amor na vida das pessoas. Fica a beleza de um filme rodado em belas cores por Hitchcock, mas sem nenhum conteúdo interessante.

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