quinta-feira, 10 de novembro de 2011

OS 3


NOTA: 8.
- Acho que a gente tinha que instituir uma regra. Tinha que ser proibido rolar alguma coisa entre nós 3.

O diretor Nando Olival codirigiu Domésticas em 2001 ao lado de Fernando Meireles. Desses 10 anos para cá, Meireles cresceu e se manteve na mídia, enquanto Olival esteve bem mais discreto. Especialmente por não ter participado do sucesso de  Cidade de Deus. Até esse ano. Primeiro foi com o curta Eduardo e Mônica, baseado na música homônima de Legião Urbana, e depois no Festival do Rio lançando seu segundo longa que conta a história de três estudantes universitários.
Todos se conhecem em uma festa da faculdade e nenhum deles é realmente de São Paulo. Decidem então irem morar juntos com uma regra de nunca deixarem acontecer nada entre eles. O filme começa falando de amizade, amor, paixão e tesão, e rapidamente vai trocando a ordem sem parecer definir exatamente quais são suas prioridades. Parecendo que os 3 jovens não sabem exatamente suas prioridades. E por não  saberem, Camila e Cazé começam a namorar. Deixado de lado, Rafael começa a planejar sua saída da casa.
Eles apresentam um trabalho de faculdade juntos. Um reality show onde os espectadores possam comprar qualquer coisa que vejam as pessoas usando na TV. Um jovem empresário vê uma oportunidade e decide contratar os 3 para serem as estrelas do projeto. Começar uma faculdade é difícil, mas o final também é e nem todos saem com emprego. Essa oportunidade, não se trata apenas de fazer com que ganhem dinheiro, é também uma forma de ganharem mais tempo juntos.
O reality show com os 3 se mostra extremamente maçante, mas é engraçado que é a partir desse ponto que o filme começa a ficar realmente interessante. Até então, tudo era muito certinho e os conflitos não pareciam bem desenvolvidos. É só quando eles ficam sob os olhares das câmeras que seus sentimentos começar a realmente transparecer. O reality show ganha uma história para as pessoas acompanharem, já a gente ganha conflito. De quase cancelados, eles passam a ser um fenômeno da internet.
Olival escreveu o roteiro com Thiago Dottori (VIPs), e eles conseguem entregar vários bons momentos, o problema é que em determinado ponto as coisas começam a ficar um pouco previsíveis demais. Em um certo ponto, o filme Três formas de amar não me saiu da cabeça de tão similar que algumas situações ficaram. Se acerta em alguma coisa, é não ser pró ou contra os reality shows. Eles focam em seus personagens principais e pronto. É essa a história que importa. Tudo isso com uma excelente fotografia de Ricardo Della Rosa (Casa de areia) e montado com a competência de Daniel Rezende (Cidade de Deus e Tropa de elite, entre outros).
E antes que o filme possa ficar cansativo, ele termina. Seus quase 80 minutos são suficientes para contar uma história que pode não terminar de forma brilhante, mas que com certeza mostra a marca de um trabalho muito bem feito. Em tempos onde nosso cinema parece se limitar cada vez mais para comédias praticamente televisivas (e sem graça) e filmes violentos, isso conta para muita coisa. Por isso recomendo para quem quiser ver um bom filme brasileiro.

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