NOTA: 8.
- Você está louco? Quer que nos passemos pelo Bolshoi?
Nem toda comédia se trata de ser apenas engraçada, algumas conseguem passar grandes emoções. Como é este caso. Fazer rir e nos tocar ao mesmo tempo exige talento, e essa produção que se passa na Rússia e na França consegue nos manter grudados no desenrolar do que vai acontecer.
Começamos na Rússia, onde Andrei Filipov é um faxineiro do Bolshoi. Mas nem sempre foi assim. Como vamos descobrir posteriormente, ele era o maestro da orquestra, mas foi rebaixado depois que apoiou a permanência de judeus na orquestra nos anos 1980. Trinta anos depois, surge uma nova chance. Ele intercepta um e-mail para o diretor do teatro chamando a orquestra Bolshoi para uma apresentação em Paris. Ele se junta aos seus antigos músicos, todos também afastados e resolve fazer desta oportunidade o seu retorno.
O que atrapalha um pouco num filme que não se trata de uma comédia escrachada, é que, assim como em um drama, os personagens devem ser críveis. E isso não acontece. Quase todos os personagens são frutos de estereótipos tão fortes que fica difícil de nos identificarmos com eles. Russo bêbados, ciganos que dão golpes inacreditáveis, judeus que só pensam em fazer negócios e empresários safados são transformados em caricaturas neste filme que desenvolve muito mais tramas secundárias do que realmente deveria em tão pouco tempo de exibição.
A tarefa não é fácil. Junto com seu grande amigo Sasha, Filipov corre atrás de músicos que não tocam há muitos anos. Hoje eles trabalham fazendo trilhas sonoras de filmes pornográficos, dirigindo taxi, realizando entregas e até mesmo conduzindo ambulâncias. Fora isso, eles não tem dinheiro para viagem, tempo para ensaio ou mesmo um produtor. Para suprir essa última deficiência, eles são obrigados a contar com um ex-agente da KGB que eles odeiam.
Por motivos que só vamos descobrir no final do filme, a solista deve ser a bela e celebrada Anne-Marie Jacquet (Mélanie Laurent, de Bastardos inglórios). A peça escolhida para a apresentação é um concerto para violino de Tchaikovsky, que ela jamais tocou antes. Além de uma incrível beleza e presença na tela, ela é dona da melhor personagem do filme. E no fim, ele nos brinda com a emoção citada no início da resenha, com uma performance precisa.
Para curtir esse filme, você deve acreditar em tudo que o filme tem de nonsense, já que as soluções dos problemas que eles tem para montar o show em apenas duas semanas não são perfeitamente explicadas. Acreditar que eles são capazes de tocar bem juntos sem terem sequer um único ensaio beira a insanidade. Esse fato, por sorte, já está no final do filme e não chega a atrapalhar tanto. Um filme que diverte, alguma vezes emociona, mas que parece aspirar muito mais que isso. Sem sucesso.
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