Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.
NOTA: 7.
- Estou dizendo a vocês. É um ato de Deus.
Depois de lançar um novo sucesso, Hitchcock cai em outra adaptação de um livro. O título do livro dessa vez é "The secret agent", por isso, para evitar confusões com seu outro filme, ele resolveu mudar o título para Sabotage. Nos EUA ainda, o filme ainda seria lançado com o nome de The woman alone. Aqui no Brasil, chegou como O marido era o culpado e posteriormente pela tradução mais literal.
É um filme interessante por apresentar uma dramaturgia muito boa e que prende a platéia, ainda que conte com uma narrativa um tanto quanto imperfeita para um trabalho dele. Ainda que a história como um todo não seja tão interessante assim, a forma como ele posiciona a câmera e conta a história parece corrigir qualquer imperfeição.
O filme conta a história de um homem que vive com sua mulher e o irmão pequeno dela. Eles tem um pequeno cinema que não está indo bem financeiramente, por isso o homem aceita trabalhos de sabotagem para conseguir manter seu negócio. Um detetive finge trabalhar numa quitanda em frente para poder vigiar as atitudes suspeitas do homem.
O que Truffaut ressalta e eu concordo, é que o grande problema é o personagem do detetive. Muito desinteressante e mal interpretado. Já Hitchcock escolhe outro problema que o incomodou posteriormente: a escolha da sua vítima cair em cima do pequeno garoto. O menino leva a bomba pelo bonde sem desconfiar do conteúdo. Durante a viagem, ele se torna muito simpático para a platéia, que ele acredita não perdoá-lo por matá-lo. Ou como Truffaut ressalta: é "um abuso do poder do cinema".
É engraçado, já que o diretor não dá tempo para desenvolver nenhum personagem. O filme é uma sucessão das cenas que apenas interessam o diretor a chegar ao clímax da sua história. São corte rápidos não apenas nas cenas, mas também na própria história.
Outro problema é que o detetive começa a flertar com a mulher do sabotador. Além de parecer um tanto quanto imoral, especialmente para um filme daquela época, é prejudicial porque o vilão é muito mais interessante que o mocinho. Esse tipo de atitude acaba fazendo com que a platéia torça para o "lado errado", enquanto deveríamos começar a torcer cada vez mais contra.
A melhor cena é a vingança da mulher ao descobrir a culpa do marido. Ela serve o jantar para o marido enquanto uma faca repousa na mesa. É um longo momento de tensão em que ele constrói o suspense e sabe como mantê-lo e por quanto tempo. Novamente mais uma amostra do talento de um grande gênio que consegue transformar o filme que poderia ser banal em digno de se assistir.
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