NOTA: 8,5.
- É como nas grandes histórias. Aquelas que realmente importam. As vezes você não sabe como vai terminar, porque como poderia ter um final feliz. Mas no final, as trevas passam. As pessoas nessas histórias tinham chances de voltar, mas eles continuaram sempre em frente. Porque eles tinham certeza de que ainda há bondade no mundo. E que vale lutar por isso.
No segundo filme da trilogia, fica mais claro que a intenção de Peter Jackson é entregar ação, que pode ser o que a maior parte da plateia quer ver. Por isso, o filme já começa sem se preocupar em mostrar os pontos importantes do filme anterior e já começa agitado. Com isso, fica claro também que Frodo (Elijah Wood) é mesmo um personagem secundário da sua própria história. A estrela do filme é Aragorn (Viggo Mortensen), e os hobbits passam a maior parte do filme longe do centro das atenções e da ação. A última parte do filme é praticamente inteira dedicada a uma incrível batalha.
O filme já abre usando a cena de Gandalf (Ian McKellen) nas minas de Moria, o que acontece ainda na primeira metade do primeiro filme. Os que não assistiram o filme anterior, não tinham nenhum preparo para assistir a esse nos cinemas.
Claro que isso é uma reclamação totalmente pessoal. Levando em consideração apenas o filme, nada do que foi mencionado acima interfere (ou mesmo prejudica) a história que está sendo contada nas telas. O segundo filme é menos fiel ao livro, faz com que se perca grande parte do charme da história e falha em contar o mais importante, que é a jornada. Mas desde o primeiro filme, já tinha ficado claro o interesse do diretor, então devo aceitar o que é o filme e admirar como é um dos espetáculos visuais mais impressionantes que o cinema já nos proporcionou.
Grande parte desse espetáculo é gerado pelo uso muito habilidoso de efeitos especiais e animação digital. E assim, o personagem Gollum, que apenas aparecia em curtas cenas no filme anterior, aparece aqui durante uma boa duração do filme. Na época, era com certeza a criatura gerada por computador mais impressionante que já se havia visto nos cinemas. E o que é mais importante para fazer o filme funcionar: funciona quase tão bem quanto um personagem de carne e osso. Um pouco menos impressionante, mas ainda assim muito bem feitos, temos também os Ents, uma espécie de entidades que protegem as florestas.
Não estou criticando o uso da computação gráfica no filme. Algumas vezes critico o seu uso, mas é quando ela se sobrepõe a história, o que não é o caso aqui neste filme. Há inúmeras cenas em que percebemos que se tratam quase tão somente de computação gráfica, mas ainda assim as cenas são impressionantes e seguram a atenção. Fazendo como poucos diretores fazem, Jackson usa praticamente toda a tela pra preencher suas imagens com complexidade. É possível assistir o filme inúmeras vezes e ainda encontrar algo que não tenha visto antes. Jackson usa os efeitos especiais para "pintar" cada parte do que estamos vendo.
Talvez o filme agrade mais as plateias do que o primeiro. Há cenas mais espetaculares de ação e as batalhas são de tirar o fôlego, mas o filme sozinho carece de um início e está longe de ter um final. É uma ponte de três horas de duração que leva o primeiro filme para o último. Claro que é uma ponte extremamente bem feita que vai segurar as plateias e que nos faz ficar esperando o próximo filme ansiosamente. Mesmo os que já assistiram anteriormente.
Ainda corro o risco de ser chato, mas comparando com os livros, fica estranho perceber como o propósito da história original se perdeu. Se o escritor J. R. R. Tolkien quisesse contar uma história com muita testosterona e batalhas de espada, ele não teria escolhidos pequenos e frágeis hobbits como seus protagonistas. O filme quase deixa de ser uma adaptação para se transformar numa nova história moldada nos filmes de ação de hoje em dia, o que faz perder muito do charme do livro.
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