segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A TODA PROVA - HAYWIRE


NOTA: 8,5.
- Você não deve pensar nela como um ser humano. Isso seria um erro.

As mulheres ganham cada vez mais espaço nos filmes de ação hoje em dia. Tanto espaço que já não é incomum vê-las como protagonista de grandes filmes do gênero. O que é incomum é ver uma lutadora de MMA (Artes Marciais Mistas) como a protagonista de um filme de Steven Soderbergh. Gina Carano ainda não mostra grandes qualidades como atriz, mas o diretor sabe como disfarçar isso muito bem. Mas aqui ela mostra que suas qualidades são agilidade, força e um verdadeiro talento para a luta.
A verdade é que mencionei as qualidades de Carano como atriz, mas pouco importa neste filme se ela sabe atuar ou não. Ao seu lado temos um elenco afiado, um roteiro com uma história bem interessante e uma direção segura como o diretor costuma entregar. Ela é Mallory Kane, que trabalha para uma estranha firma nos EUA que presta serviço para o governo fazendo o trabalho sujo. Em filmes como Missão Impossível, o governo contrata agentes que parecem não ter ligações governamentais. Aqui, parece que é mais fácil terceirizar o serviço.
Pra piorar as coisas, existem uma série dessas agências que ficam cruzando uma com as outras, e muitas vezes interferindo uma com as outras nos trabalhos. E claro que, num tipo de trabalho como esse, ela descobre que não deve (ou seria pode?) confiar em ninguém, já que os agente parecem trocar de lado e de empregadores tão facilmente quanto aceitam o trabalho. Mas o que permanece como grande enigma por boa parte do filme é porquê está sendo seguida, já que parece tão eficiente em seu trabalho. Difícil imaginar que ela tenha feito alguma coisa errada.
Entre empregadores e perseguidores, fica uma impressão que existe algo de estranho na escalação de Carano como protagonista. Não pelo seu físico, que é totalmente apropriado e muito bem usado no filme durante as cenas de ação, mas sim pela qualidade do elenco secundário que inclui Channing Tatum, Michael Fassbender, Ewan McGregor, Antonio Banderas e Michael Douglas. Minha melhor teoria é que Soderbergh é desses diretores que conseguem quem querem pro papel que querem.
Este é o primeiro filme de ação do diretor Soderbergh focado em cenas de artes marciais, e ele  provavelmente supôs (na minha opinião, acertadamente) que o público não estaria muito interessado em muitas cenas de diálogo. Como em um bom filme B de ação: chega rápido, forte e direto ao ponto. Não parece ter muitas cenas com efeitos especiais, mas com o avanço da tecnologia fica difícil dizer com certeza.
O que eu posso ter certeza, é que depois de ver Carano correndo, atirando, chutando e depois quicando na parede para chutar de novo, o filme não fica devendo em nada para outros similares com marmanjos nos papéis principais. Claro que também causa um estranhamento que alguém queria ficar nessa linha de trabalho considerando a taxa de mortalidade mostrada neste filme, mas o interessante mesmo é ver o tratamento dado por um diretor de primeira linha para um filme desse gênero. E ainda que não seja um filme que entrará para a história, é muito melhor do que a grande maioria das porcarias que são lançadas mensalmente.

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