NOTA: 5.
- Não é a violência que diferencia os homens, é quão longe eles estão dispostos a ir.
Em O poderoso chefão, acompanhamos uma família de mafiosos, mas durante todo o filme somos lembrados que eles são os bonzinhos, já que as outras famílias cometem atos de crueldade muito piores que qualquer membro da família Corleone. Dentro daquele universo, eles são os mocinhos e estamos dispostos a torcer por eles. Aqui, essa linha não existe. É um filme que mostra simplesmente homens atacando homens das formas mais cruéis possíveis sem qualquer distinção de ordem ou humanidade. Como torcer por personagens assim?
Antes que alguém reclame, que fique claro que não exijo que os filmes sejam sobre pessoas boas (O poderoso chefão com certeza não é) ou que não tenham violência, mas seria interessante observar algo que os levassem a ser do jeito que são. Não apenas observar como são violentos porque isso simplesmente está escrito no roteiro.
A história é sobre três irmãos que ganham dinheiro durante o período da lei seca vendendo uma bebida alcoólica que eles mesmos fabricam e que parece ser bem popular entre a população local. Suas vidas parecem ser bem tranquilas, até que um agente especial do governo, Charley Rakes (Guy Pearce), chega na cidade para perturbar essa tranquilidade. Ele se une ao xerife numa ação contra os irmãos, mas o mais estranho é que essa ação (Matar? Acabar com o negócio deles? Assumir os negócios?) nunca fica clara. Claro que ele é tão mau quanto qualquer outro nesse filme, e é tão traiçoeiro que a fica a pergunta de como sobreviveu por tanto tempo mesmo entre víboras.
Forrest (Tom Hardy), Howard (Jason Clarke) e Jack (Shia LaBeouf) tem um negócio de fachada para as suas operações. É uma espécie de posto de gasolina com restaurante que não deveria funcionar sequer como fachada, já que durante todo o filme eles não tem sequer um único freguês (pelo menos não que eu me lembre). Quando as mortes de ambos os lados começam a acontecer, é óbvio que o filme somente pode acabar em um grande tiroteio.
Ainda que se espere pelo grande tiroteio, a verdade é que depois de grande dose de violência já se perde interesse nos personagens. Seja nos irmãos assassinos ou no federal psicopata. Prestamos menos atenção nos interesses românticos de LaBeouf e Hardy (interpretadas por Mia Wasikowska e Jessica Chastain, respectivamente), que somente devem estar no filme para não termos um elenco exclusivamente masculino.
É um filme com uma produção muito bem-feita sobre homens, alguns ignorantes, violentos. Com um elenco muito bem escolhido e inspirado, mas que não tem uma história que saiba aproveitar os talentos que vemos na tela. Tudo que eles fazem é viver em um código bárbaro e sangrento, vivendo e morrendo em meio de tiroteios. Pra piorar a situação, o filme tem maior duração maior do que parece necessário, e acaba virando uma questão que gente precisa morrer para o filme finalmente terminar.
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