NOTA: 5.
- Tem certeza que quer jogar esse jogo?
Eu procurei em diversos posteres deste filme, e em nenhum deles encontrei o personagem Sherlock Holmes sem uma arma na mão. O objetivo parece ser claro: é ingenuidade minha ou de qualquer outra pessoa esperar que nessa época tenhamos um filme fiel às histórias do famoso detetive. Não importa que se passe há mais de um século atrás, Holmes vive num lugar com tiroteios e explosões a cada esquina, além de lutas que nada lembram o antigo boxe inglês.
Há sim a possibilidade de vermos a Inglaterra vitoriana, e até mesmo Suiça e Paris, mas para isso o espectador tem que olhar atentamente, pois o filme se movimenta tão bruscamente de um lado para o outro que se piscar perde. Esse é um filme de ação moderno igual a todos os outros, a única diferença é que os personagens estão fantasiados. Quando se segue um filme que fez mais de meio bilhão nas bilheterias, não parece haver chances para mudar alguma coisa, somente aumentar o que já foi feito.
Quando digo somente aumentar, digo que todos os efeitos do primeiro se repetem nesse segundo. Além de Holmes (novamente, Robert Downey Jr.) conseguir proferir ainda mais insultos, temos novamente a "Visão Holmes" (ou seja lá como ele as chamam), onde a luta se passa toda em câmera lenta na mente do detetive para somente depois assistirmos em velocidade normal, exceto que há um detalhe de mostrar que outras pessoas podem quebrar a "clarividência" de Holmes.
Como foi insinuado no primeiro filme, aqui temos a presença do Professor James Moriarty (Jared Harris), gênio do crime e nêmesis de Holmes, que, disfarçado de professor em uma universidade, planeja uma espécie de guerra mundial que o faria lucrar muito. Ao que parece, ele é dono da maioria das fábricas de armas e munições e faturaria muio dinheiro vendendo para os dois lados mesmo que colocasse grande parte da Europa em risco. Holmes se transforma numa espécie de James Bond, a única salvação do mundo.
Holmes é um personagem adaptado das mais diversas maneiras ao longo das décadas, tanto que o próprio criador, Sir Arthur Conan Doyle, foi capaz de algumas. Então é realmente difícil exigir que Guy Ritchie não tome certas "liberdades criativas", mas acredito que seria decente esperar que o embate entre os lendários antagonistas pudesse nos oferecer um pouco mais de inteligência, intrigas, suspense e reviravoltas na trama. Por isso a deficiência desses elementos, e até mesmo a falta de alguns deles, me deixa um tanto quanto frustrado.
Não que inteligência seja necessária em um filme como esse, ainda estamos falando de um filme de Guy Ritchie, onde todos tem que ser cool, e não lá muito espertos. Por isso temos muitos personagens para chamarem atenção, incluindo uma participação de Rachel McAdams novamente interpretando Irene Adler, a um pouco maior de Noomi Rapace como uma cigana e um Jude Law como Watson agindo de forma mais acertada que no primeiro filme, mas ainda é um filme sobre Holmes, e Downey Jr. não está tão bem quanto de costume cuspindo suas falas como se quiser logo acabar com tudo e receber seu cachê.
Um pouco decepcionante se ainda levarmos em consideração (alguém ainda leva?) o material à disposição dos realizadores, mas na média se considerarmos que estamos diante de mais um filme de ação. Para azar deles, competiram com filmes de ação muito mais interessantes como Missão Impossível e Tintin, mas deve ter feito o suficiente para garantir que esse novo Holmes permaneça vivo nas telas. Ainda tenho a esperança que o personagem envelheça com sua plateia assim como Harry Potter fez um dia.
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