segunda-feira, 16 de julho de 2012

O VAMPIRO - VAMPYR


NOTA: 100.

Carl Theodor Dreyer, que também dirigiu O martírio de Joana D'Arc, se aventura pela primeira a realizar um filme falado. Sua escolha foi fazer um filme de vampiro, e ao fazê-lo ele acabou definindo algumas "regras" que até hoje são usadas em filmes do gênero: sexualidade, erotismo e um efeito de "sonho" que permeia o filme. Mas o que torna o filme mais interessante ainda, é que ele rompeu com a gramática cinematográfica. Ele cria uma narrativa própria para o filme.
Um dos maiores exemplos disso foi o uso das sombras, que de tão espetaculares foram usadas novamente na produção de Copolla Drácula de Bram Stocker. Dreyer nos cofunde com as regras que estabelecem os pontos de vista e continuidade dos planos. O resultado é um filme hipnótico, que mesmo envelhecido continua impressionando muito. Imaginem o efeito que deve ter causado na época? Se leram minha resenha de Joana D'Arc e agora estão lendo essa e não sabem porque Dreyer é um dos cieneastas mais venerados do cinema, esse filme é um bom começo para tentarem entender o porquê dessa veneração.
Precursor de cineastas como Ingmar Bergman, Luis Buñuel ou Andrei Tarkovsky, Dreyer nos entrega um filme corajoso como poucos fariam e, na época, muitos não foram assistir, mas que o transformou num rei dos cineclubes. Ele era um artista original e descompromissado. 
Filmado na França, ele rodava somente durante o amanhecer e somente através de uma forte névoa que permeia todo o filme. O som é obscuro e parece desmaterializado do filme, o que aumenta o efeito de perturbação. Fugindo do que havia feito em D'Arc, Dreyer se valeu de atores ruins ou mesmo de não-atores para o elenco desse filme. Assim como seu protegonista é interpretado pelo próprio produtor do filme. Não importa o que você acha dos filmes de Dreyer, o fato é que gostando ou não você jamais vai esquecer seus filmes uma vez que tenha assistido. Ele é diferente e fazia coisas que até hoje as pessoas comentam.
Temos o protagonista que viaja para uma pequena cidade européia atrás de uma conspiração de vampiros que existe por lá. Ele havia recebido um livro que conta as experiências de um homem com esses seres, e tenta acabar com a praga que existe e ameaça pessoas próximas a ele. 
Falar mais sobre o filme pode dar a falsa impressão que a história é relevante. Tudo é muito instável e nada é realmente explicado. Através do que conhecemos da história, podemos extrapolar muita coisa, mas nada além disso. E não precisamos disso, pois o filme se vale da ilusão. O poder da sugestão é muito mais forte que mil palavras (sim, poderia ser mudo e ainda teria o mesmo impacto). É um filme único não por causa de seu tema, mas pela estranheza que proporciona.

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