segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

HITCHCOCK TRUFFAUT 32: AGONIA DE AMOR - THE PARADINE CASE (1947)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui.




NOTA: 7.
- Os melhores homens sempre terminam com as piores mulheres.

Em mais um filme do diretor sob a produção do lendário produtor David O. Selznick, Hitchcock pela primeira vez tem a tarefa de colocar nas telas um roteiro escrito pelo próprio produtor. Talvez não seja por acaso que é um dos filmes dele com uma história mais mal contada. 
É um drama de tribunal. É também um drama romântico. Se eu disser que é também uma sátira social dos costumes da alta sociedade de Londres, eu também não estaria errado. Assim como também retrata uma crise conjugal entre o advogado e sua esposa. Talvez por mirar em tantos alvos ao mesmo tempo, é que o filme não consiga saber exatamente que direção deve levar a plateia.
Começamos com a prisão da Sra. Paradine, acusada de ser responsável pela morte do esposo cego que foi vítima de envenenamento. O que geralmente acontece é a prisão de delinquentes que parecem pertencer ao lugar. Aqui, temos uma mulher de classe que fica realmente deslocada lá. Ela chega toda arrumada e com seu cabelo penteado e a guarda desmancha o penteado para verificar se não há nada escondido nele.
Ela vai ser defendida por Anthony Keane (Gregory Peck), um ótimo advogado que acaba se apaixonando pela acusada. Com isso, ele acaba se entregando demais ao caso para soltar a mulher por quem se apaixonou e acaba negligenciando até mesmo sua própria esposa. Esposa que acaba descobrindo a paixão do marido mas mesmo assim insiste que ele vença o caso.
E são esses detalhes que são interessantes no filme. Não se trata de um grande mistério, apesar de não ser desprovido dele, e nem sobre um crime. Apesar do diretor admitir que não entendeu muito bem como o crime teria acontecido e por isso não o filmou, o importante é perceber que não é esse seu alvo. Ele quer mostrar as pessoas. Não somente a acusada, seu defensor ou a esposa, mas também o juiz (interpretado pelo ótimo Charles Laughton) e várias mulheres que acompanham o julgamento.
E ainda que a história não seja sobre um grande mistério ou um crime, e que o roteiro não ajude muito a desenvolver melhor a trama, Hitchcock consegue tirar mais tensão do que a maioria dos diretores conseguem em filme de tribunal. Grande parte por conta da grande habilidade da câmera, que parece cúmplice do julgamento e nos deixa a par de tudo que acontece.
Apesar de Peck não ter sido escolha do diretor, ele está melhor que na parceria anterior com Hitchcock. Claro que realmente não seria a melhor escolha (Hitchcock diz que gostaria de ter filmado com Laurence Olivier), mas não atrapalha o filme. que marca também o final da parceria com Selznick.

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