domingo, 29 de janeiro de 2012

OS DESCENDENTES - THE DESCENDANTS


NOTA: 10.
- Essa é uma situação única e dramática.

Este filme é dirigido e coroteirizado por Alexander Payne, que ficou mais conhecido por comédias como Eleição, As confissões de Schmidt e Sideways. Por este último, concorreu ao Oscar de direção e filme e venceu o de roteiro (o grande vencedor do ano foi Menina de ouro). Pela filmografia dele, alguns podem achar que se divertirão assitindo a um filme agradável, e esse não é exatamento o caso. A verdade é que esse filme vai além disso. 
George Clooney, em uma das suas melhores performances até agora, interpreta Matt King. Ele mora num pequeno pedaço do paraíso situado no Havaí, o que pode fazer as pessoas pensarem que ele vive uma vidinha perfeita e esse está longe de ser o caso. A esposa de Matt sofre um acidente dando um passeio em um barco e fica em coma. Segundo as vontades dela, os médicos devem desligar seus aparelhos para que ela morra. Assim, Matt, que sempre foi um pai ausente, deve lidar com suas filhas nessa delicada situação.
Além disso tem uma outra questão familiar. Matt vem de uma longa linhagem de proprietários de terra no Havaí. Provavelmente um dos primeiros brancos a possuirem terras por lá. Toda a família, composta por inúmeros primos, quer vender essas terras que se trata um extenso pedaço lindíssimo do Havaí, para poderem dividir o dinheiro. Apesar de Matt dizer que acata o que a maioria decidir, a verdade é que ele sozinho tem o poder da decisão.
O fato é que os dois "negócios" tem grande peso. Não apenas financeiro, mas também emocional. Ao mesmo tempo que ele está perdendo a sua mulher, que nesse período difícil ele ainda recebe a notícia de que ela não era fiel como pensava, ele tem que assinar um contrato que vai tirar da sua família uma herança inestimável. Aquele não é apenas um pedaço de terra. É um lugar onde partilhou bons momentos com sua mulher e filha mais velha, e que a mais nova ainda não teve a chance de curtir. E que nunca irá se ele vender realmente as terras. E mais ainda, talvez seja quando ele se afastou daquelas terras é que ele tenha se afastado de sua mulher e filhas. Talvez isso tenha muito mais peso que todo o dinheiro que estão dispostos a pagar por ela.
Payne tem uma característica muito interssante. Em seus filmes, o personagem principal está sempre sendo obrigado a tomar difíceis decisões pessoais. Ele estabelece esse conflito e vai acrescentando personagens à trama que vão dando mais peso e complexidade em cima das decisões. É dessa forma que ele vai nos envolvendo cada vez mais com o drama vivido pelo personagem, fazendo que com possamos sentir o peso do que ele está passando. 
Ao contrário do que acontece na maioria dos filmes, não temos aqui uma "batalha entre o bem e o mal". Mesmo quando Matt recebe um sermão que achamos que ele não merece de seu sogro, Matt não reage. E é simples, aquele é um desabafo de um homem que está perto de perder a filha. O amante dela, não é uma pessoa ruim. Não há um vilão aqui, apenas pessoas preocupadas com suas famílias de alguma forma. Nós vemos todos os seu problemas e nos importamos com elas. Nos importamos com o que elas vão deicidir fazer. E isso é muito raro em um filme. Por isso talvez eu tenha gostado tanto desse. Especialmente quando o filme é protagonizado por um ator com tanta inteligência quanto Clooney. Não sei se ele vai vencer o Oscar pela sua atuação ou não, mas com certeza é a mais que mais me amocionou até agora. Simplesmente espetacular, complementando um filme especial.

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