terça-feira, 18 de outubro de 2011

O MENTIROSO - LIAR LIAR


NOTA: 7.
- Eu desejo que só por um dia, meu pai não possa contar uma mentira.

Certos filmes não pedem por grandes explicações. Eles não são feitos para isso. Alguns filmes são apenas "ingênuos" e não pedem muito de seus espectadores. Por isso não é tão difícil de acreditar que o simples pedido de um garoto no seu aniversário para que seu pai não possa mentir por um dia não possa se tornar realidade.
É claro, porém, que tudo não passa de uma mera desculpa para explorar a veia cômica de Jim Carrey, que já estava estabelecido como grande astro depois de sucessos como dois Ace Ventura, Debi & Lóide e até mesmo fracassos como Batman eternamente e O pentelho. E ele trabalha incansavelmente com uma energia cômica que impressiona. Como se fosse o bobo da corte atrás das risadas, ele busca a risada atrás de cada cena do filme, e dificilmente ele não consegue alcançar seu intento.
Engraçado é que esse parece justamente o filme certo para sua carreira naquele momento. Seus dois fracassos vieram quase em sequência e tinham uma coisa em comum: mostrava um Carrey em personagens detestáveis. Aqui, apesar de seu personagem não fazer muitas coisas corretas durante o filme, é com certeza adorável.
Ele é um advogado carreirista que quer se tornar sócio na empresa de qualquer forma, mesmo que para isso ele tenha que mentir em qualquer caso que lhe apareça objetivando a vitória mesmo que saiba que seu cliente esteja totalmente errado. Assim como, nesse excesso de trabalho, ele já tenha se afastado de sua ex-mulher e esteja se afastando cada vez mais de seu filho pequeno, que cansado das desculpas esfarrapadas do pai para não parecer faz o tal pedido quando vai apagar as velas do seu bolo de aniversário.
O pedido se realiza e Fletcher (Carrey) não consegue mais contar uma mentira sequer, por menor e mais inocente que pareça. E logo ele que está tão acostumado a viver contando uma mentira após a outra. E nem é preciso ir muito longe para ser solidário com ele, qualquer ser humano que não esteja preparado para contar uma única mentira pode acabar passando por problemas. Imagine ele que tem que defender o caso de uma mulher que quer metade da fortuna do marido mesmo depois que ele descobriu pelo menos 7 casos extra-conjugais dela.
Talvez se o filme tivesse escalado outro ator, a ideia poderia ter se esgotado rapidamente, mas Carrey literalmente mergulha na história do filme para que não possamos nos preocupar com qualquer outra coisa que não seja a diversão. Seja brigando com uma caneta ou mesmo se espancando em um banheiro, mesmo quem não o ache engraçado se vê pelo menos solidário com esse "pobre homem".
A graça é realmente ver Carrey tentando escapar de situações em que não pode escapar falando apenas a verdade. Tom Shadyac, que já havia trabalhado com Carrey em Ace Venture, parece já conhecer o ator que tem em mãos e dá bastante espaço para que ele brilhe. Parece mais confortável em colocar a câmera na posição e assistir o show de camarote. O que não é um negócio ruim para eles ou para nós.

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