quinta-feira, 6 de outubro de 2011

PERDIDOS NA NOITE - MIDNIGHT COWBOY


NOTA: 8.
- Eu gosto da minha aparência. E as mulheres gostam de mim. A única coisa que eu sei fazer é amor. As mulheres enlouquecem por mim. 

Apesar de gostar muito de John Wayne, tenho que reconhecer que o Oscar que ganhou por Bravura indômita em 1970 foi uma das grandes injustiças do cinema. Ainda que tenha tido uma grande atuação, a performance de Dustin Hoffman é nada menos que monstruosa. Não é por acaso que depois foi eleita a sétima melhor atuação de todos os tempos por uma revista.
Uma grande qualidade do filme é permanecer na memória do espectador muito tempo depois de acabar de assistir. A estranha história romântica entre o ingênuo cowboy e o malandro de rua serve até hoje de referência para muitos filmes.
Para ser justo também, devo dar méritos a quem merece. Apesar de ter cenas ótima (a cena em que Hoffman quase é atropelado por um carro e diz "Estou andando por aqui" é antológica e ainda é constantemente copiada por inúmeros filmes), o filme como um todo não é tão bom. O que impede que caia no lugar comum são as inspiradas atuações da dupla protagonista formada por Hoffman e Jon Voight, ambos indicados pela academia pelo filme.
Voight é um cowboy simplório do Texas que resolve pegar seu último pagamento e partir para Nova York. Sua ideia é fazer a única coisa que sabe fazer bem: amor com as mulheres. Como ele logo descobre, ser um garoto de programa não é uma tarefa tão fácil assim. Ele não sabe como abordar as mulheres, e mesmo quando consegue a proeza ele não tem ideia de como cobrar pelo "serviço realizado". Por isso ele acaba se aproximando de Rizzo (Hoffman), que promete cuidar dessas "questões burocráticas" para ele. Só que Rizzo é um malandro que pega um dinheiro e some. Depois eles vão se reencontrar e acabar ficando muito unidos.
O filme esbarra em um problema ou outro. Um é a atração do diretor pelo estilo de filmes da época. A história do filme não combina com a moda. Tivesse sido filmado com maior simplicidade, poderia ser um filme inesquecível. Em determinado momento, eles entram em uma festa ao estilo Andy Warhol com muitas loucuras acontecendo, mas o lance é que nenhum dos dois personagens foi talhado para aquele ambiente. Eles não pertencem aquele mundo e parecem apenas perdidos, assim como a história se perde.
Apesar de tudo isso, eu pareço fazer uma certa edição mental e lembrar como as cenas boas realmente funcionam apesar de ter cenas que não funcionam. Provavelmente, a grande força vem dos atores e seus personagens. Não importa o que aconteça, com atuações desse porte, quase qualquer erro do filme é passível de ser perdoado.

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