segunda-feira, 4 de março de 2013

HITCHCOCK


NOTA: 6.
- Eu esperei trinta anos para ouvir você dizer isso.
- E é por isso que me chamam de mestre do suspense.

O diretor Alfred Hitchcock continua sendo um dos mais famosos que o cinema já teve. Seja pelo apelo que seus filmes mantém até hoje (imaginem na época do seus lançamentos), ou pela forma que usava sua imagem como forma de publicidade. Seu nome evoca tanta adoração, que alguns de seus filmes não caíram no esquecimento porque simplesmente fazem parte da sua filmografia.
Agora, é interessante ver como focam os filmes como se fosse um reflexo da mente do diretor e nada além disso. Pode parecer interessante conhecer os bastidores de um filme dele, especialmente do que atingiu mais sucesso em sua extensa carreira, mas a verdade é que o filme não consegue atingir um genuíno interesse na plateia. 
Em parte, a culpa reside um pouco no elenco do filme. Helen Mirren na pele de Alma Reville, a esposa de Hitchcock, é mais um mistério do que um personagem que desperte interesse. Difícil saber o que a motiva. E Anthony Hopkins interpretando o famoso diretor que dá o nome do filme me faz sentir uma coisa que não lembro de ter sentido em qualquer outro filme com o ator: uma incapacidade de criar um personagem com profundidade. Talvez seja a maquiagem pesada que ele usa para ficar fisicamente parecido com o personagem que o faça ficar à vontade, ou talvez seja um excesso de preciosismo de querer retratar o diretor como ele aparecia e nada além disso. Seja como for, o resultado final não consegue realmente se mostrar acertado.
O filme foca no período após o lançamento de Trama internacional. Apesar do sucesso do filme, o diretor ficou obcecado pelas críticas de que estaria envelhecendo e perdendo a mão, ao invés de ouvir a grande maioria que apenas celebrava mais um de seus grandes filmes. Isso o levou a fazer algo totalmente diferente dos filmes que tinha feito antes. E é por isso que mesmo quando todos lhe diziam o contrário (agente, esposa e o dono do estúdio), ele insistiu em realizar Psicose.
O que temos aqui não é exatamente uma espécie de making of ou algo como "por trás dos bastidores", mas sim uma história que mostra a relação do diretor com sua esposa com quem ficou casado por cinquenta anos. O que se mostra um verdadeiro desapontamento (a história, não o casamento). Acredito que a maioria das pessoas que vão, ou foram, assistir esse filme, gostariam de saber mais detalhes da sua produção, assim como eu gostaria de  saber um pouco mais. Há ainda uma subtrama entre Alma e Cook (Danny Huston) escrevendo um roteiro que não acrescenta muita coisa.
Está passando na HBO um filme chamado A garota que mostra o diretor durante a filmagem de Os pássaros. No telefilme, ele se apresenta como um patético predador sexual diferente do que vemos aqui. Então a resposta que não vai ser respondida é quem realmente foi Alfred Hitchcock. O filme tem alguns bons momentos, mas a verdade é que está aquém do que esperava. Por se tratar de um diretor com tantas obras-primas, o mínimo que poderiam fazer é um bom filme sobre ele. Se não, talvez seja melhor deixar sua filmografia falar como sua história e deixar sua vida pessoal em paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...