terça-feira, 28 de junho de 2011

BLOW-UP - DEPOIS DAQUELE BEIJO


NOTA: 10.
- O que você está fazendo? Pare. Me dê essas fotos. Você não pode tirar foto das pessoas assim.
- Quem disse que não posso? Só estou fazendo meu trabalho. Alguns são toureiros, outras são políticos. Eu sou um fotógrafo.

Consigo lembrar de poucos filmes que tenham fotógrafos como protagonistas, e nenhum dos filmes que me veio à memória chega perto de ser tão bom quanto esta obra-prima de Antonioni. Não que a profissão não possa ser interessante, mas sim que provavelmente não é bem explorada o suficiente para ter filmes realmente interessantes como esse.
Thomas (David Hemmings) é um sensual fotógrafo de moda muito requisitado com um corte de cabelo que me lembra dos Beatles, um carro conversível (provavelmente para estar sempre atento ao mundo à sua volta) e mulheres que ficam na sua porta esperando poderem serem fotografadas por ele. Quem sabe até mesmo dormir com ele. Tudo no mundo dele parece ser tão fútil e efêmero quanto a moda que fotografa, exceto sua relação com a vizinha que vive com um pintor. Parece haver algo mais na relação dos dois, mas ela não está disponível para ele.
Para ter fotografias para um livro que pretende lançar, ele passeia pelo parque tirando fotos quando percebe um casal ao longe. Eles estão brigando, flertando ou qualquer outra coisa que é difícil de precisar. Quando percebe que está sendo fotografada, a mulher corre em sua direção desesperada. Ela simplesmente não quer aquelas fotos, ela precisa delas. E mesmo quando ele recusa, ela o segue e vai até seu estúdio para conseguir o filme da câmera. Ela até mesmo tenta o seduzir e ele acaba a mandando embora com o filme errado. Quando ele revela o filme correto, percebe que pode ter fotografado um assassinato.
Ele analisa cuidadosamente cada foto. Amplia e observa. Faz uma pausa. Se envolve sexualmente com duas mulheres que estão na sua porta o dia inteiro, quase. Volta e observa as fotos novamente. A mulher na foto está olhando para os arbustos. Agora ele amplia a foto para observar os arbustos e percebe no meio do granulado da foto ampliada o que pode ser um corpo no chão. Ele volta até o parque e percebe que realmente há um corpo lá. E aqui jaz a questão: Ele realmente presenciou o assassinato? Será que pode ser uma coincidência o corpo estar ali e ela apenas queria as fotos pelo fato de estar tendo um caso?
A verdade é que nada disso importa. O filme não é sobre um assassinato. O filme não é sobre um possível caso de seja lá quem for a mulher. O filme é sobre Thomas e a visão que ele tem das coisas. Ele não alerta as autoridades do corpo, ele entra em contato com seu agente para dizer que pode ter fotografado um assassinato. É como se sua maior preocupação fosse suas fotos, sua visão e não o crime. E quando tudo é tirado dele, sua felicidade se esvai. Terminando de maneira melancólica na famosa cena em que assiste uma partida de tênis sendo jogada por mímicos sem bola. 

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