segunda-feira, 8 de abril de 2013

LES MISÉRABLES (1998)


NOTA: 6.
- Jean Valjean não pertence mais ao mal. Com essa prata, eu comprei sua alma. Resgatei você do medo e ódio. E agora eu te devolvo para Deus.

Qualquer adaptação literal do livro de Victor Hugo não poderia, ou pelo menos não deveria, ser ruim. Seguindo desse princípio, aqui temos todos os elementos que compõe essa trama que emociona qualquer pessoa. Os momentos mais dramáticos estão presentes. Fica claro a motivação de todos os personagens e porque a trama segue seu curso. É um filme fácil de se acompanhar, mas não chega a ser uma unanimidade. Falta paixão.
Aqui, Jean Valjean é interpretado po Liam Nesson, que chega à porta do bispo dizendo que é um ex-condenado e que nos seus papéis consta que ele é um ladrão. O bispo diz que sabe quem ele é, ou seja, o recado era um mero resumo para as plateias. A cena segue com Valjean roubando a prataria e sendo preso por isso. O bispo ao invés de entregá-lo, diz aos policiais que foi um presente. Em algumas versões essa cena tem imenso peso dramático, aqui ela parece existir apenas porque está no roteiro.
Ele reconstrói sua vida com a prata. Compra uma fábrica que se torna próspera, aprende a ler por conta própria e se transforma no prefeito da cidade. Até que Javert (Geoffrey Rush), um policial que o reconhece da época em que cumpria pena o reconhece e quer expor o homem. Não sei se era realmente assim que acontecia naquela época, mas o que temos aqui é que uma vez que uma pessoa faz alguma errada, ela vai pagar por isso pelo resto da vida. Não há chances de redenção perante a lei não importa qual for o crime. É por isso que Valjean teve que trocar seu nome. Porque seu nome está amaldiçoado pra sempre.
Ao mesmo tempo ele descobre Fantine (Uma Thurman), uma jovem que trabalhava em sua fábrica e foi mandada embora. Numa época com poucos empregos, ela se vê obrigada a se degradar cada vez mais até cair na prostituição para poder mandar dinheiro pra sua filha doente. Quando Valjean a descobre, ela já está muito doente e quase morrendo. Ele cuida dela e promete que irá cuidar da sua filha. O que significa fugir novamente de Javert com a pequena Cosette.
Mais anos se passam e Cosette (Claire Danes) é agora uma moça, e eles moram em Paris. Ela quer liberdade e ele precisa continuar se escondendo para não ser apanhado. Num de seus passeios, ela acaba se apaixonando pelo jovem idealista Marius (Han Matheson), que está sendo perseguido pela polícia por seus discursos contra a monarquia. Esse evento coloca novamente Javert no caminho de Valjean.
Javert não é também um típico vilão. No geral, ele é apenas uma pessoa que quer fazer tudo dentro das regras. Exageradamente. Em determinado momento, ele diz que "sempre tentou viver sua vida sem quebrar uma única regra". E essa é a principal força do personagem. Aqui, porém, ele é visto um pouco como mau, o que enfraquece o personagem. Mas a interpretação de Rush compensa qualquer falha que o personagem apresenta.
No final, Les misérables é um filme que entrega o que o livro conta sem arriscar nada. O que não é muito bom, já que o livro tem muitos (e muitos mesmo) mais detalhes. O período parece bem retratado com cenários e figurinos de acordo, mas de alguma forma nunca parece fisgar totalmente a atenção. Quando um filme de época é bem feito, nos transporta para um outro mundo. Aqui parece que estamos tendo uma aula de história sobre uma época muito interessante mas contada por um professor chato.

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