- Senhor. Me daria um prazer imenso ocupar qualquer posição que me permita oferecer alívio aos meus pacientes com poucas chances de matá-los.
É assim que Mortimer Granville consegue seu emprego no consultório do Dr. Robert Dalrymple. Bem, o próprio juramento que os médicos fazem diz que não devem machucar ninguém, então não há nada de errado em relação a isso. O que Granville não fazia ideia é que a prática adotada por Dalrymple não oferece chance alguma de machucar suas pacientes. Nesse sentido, os dois tinham um histórico bem impressionante.
Claro que ambos não sabiam mais do que qualquer outro médico daquela época sabia. O trabalho consistia em tratar uma doença feminina que não existia: a histeria. É tão divertido observar que o tratamento consistia em nada menos que dar orgasmos nas mulheres "histéricas" de Londres. Por mais estranho que pareça, seu consultório se encontrava sempre lotado de mulheres insatisfeitas sexualmente, mas que sequer sabiam disso.
Com mais pacientes do que consegue dar conta, Dalrymple (Jonathan Pryce) se vê obrigado a contratar o ambicioso Granville (Hugh Dancy) como seu assistente. Granville acabara de se ver desempregado depois de discutir com seu superior sobre os métodos médico ortodoxos da época. Isso faz também que ele conhece as filhas de Dalrymple: a feminista e única mulher do filme realmente perto da histeria, Charlotte (Maggie Gyllenhaal); e sua irmã que procura seguir todos os costumes da época, Emily (Felicity Jones). Charlotte desacredita inteiramente a prática do pai mas usa seu dinheiro para ajudar a sustentar seu trabalho com a população pobre de Londres. Já Granville deveria se casar com uma das filhas mas acaba se apaixonando pela outra.
Para o azar dele, porém, o esforço de curar (ou será que nesse ponto já posso usar o termo satisfazer?) suas pacientes faz com que ele fique com uma lesão que o impede de continuar trabalhando. Junto de seu amigo, o estranho Edmund St. John-Smythe (Rupert Everett) que está trabalhando em um espanador de pó elétrico, ele pensa o que fazer da vida. Quando testa o espanador de pó na mão machucada, os dois chegam à conclusão que podem usar a invenção para "curar" as mulheres. E assim, o vibrador foi inventado.
Um dos grandes prazeres de assistir a esse divertido filme, é como a diretora Tanya Wexler encaixa tudo perfeitamente dentro do período. Figurinos, sets de filmagem e as locações escolhidas fazem conjunto com os atores e roteiro para reconstruir tudo como se estivéssemos naquela época. Baseado em fatos, a diretora consegue contar uma história que entretém e ainda por cima educa em certos sentidos. Em poucas palavras e com perdão do trocadilho: é um filme com boas vibrações.
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