NOTA: 9.
- Eu costumava achar que sabia porquê. Agora já não tenho mais certeza.
Novamente, Tilda Swinton consegue uma interpretação brilhante à frente de um filme. Ela é a protagonista onde vemos a mente de uma mãe que vive ás voltas com o fato de ter tido um filho psicopata. Talvez a culpa não tenha sido inteiramente dele, já que ela não parece ter tido a vontade de ficar grávida e sequer sabe se quer continuar casada com Franklin (John C. Reylly, também ótimo). Ela não faz ideia de como é ser mãe e disfarça sua hostilidade atrás de uma falsa delicadeza.
O filme se move de forma fragmentada pelo presente e diferentes tempos passados dessa mulher chamada Eva (a própria Swinton). Não parece haver um padrão para as indas e vindas, mas aos poucos a confusão vai esclarecendo a história e começamos a montar o quebra-cabeça. É o cabelo de Eva em diferentes tamanhos que faz com que possamos montar melhor essa história. Em uma das primeiras cenas ela é agredida sem nenhum motivo aparente, mas logo começamos a juntar os pontos.
A verdade é que não há motivo para o filme seguir uma ordem cronológica. Duvido que ele fosse fazer mais sentido dessa forma. A forma como a vida de Eva se desenrola não parece fazer sentido, não importa que ordem ela siga. Ela sequer está no centro das coisas que acontecem à sua volta, ela apenas paga o preço pelo que seu filho realizou. Kevin cresceu sádico, e parece fazer tudo de forma instintiva. Ele sabe o que fazer para que sua mãe sofra.
Kevin aparece em três estágios de crescimento. Ainda muito pequeno, ele parece apenas uma criança irritante capaz de aborrecer qualquer pessoa. Um pouco mais velho (provavelmente entre 6 e 8 anos), sua malevolência começa a transparecer ainda mais e já parece ser um pequeno monstro que deliberadamente faz coisas para claramente somente irritar a mãe. Adolescente, ele já é um psicopata formado que realiza todas as suas ações de forma propositada e calculada.
Eva e Kevin mantém essa relação doentia por anos. Ela tenta se aproximar dele e ele faz tudo para machucá-la. Apenas ela sabe a verdadeira face do filho, que para os outros tenta parecer normal e amável. Franklin tenta ser sempre amável, mas isso apenas esconde uma ignorância em relação a tudo que acontece. Totalmente desconexo naquela família. Apenas a filha mais nova parece ser normal, apesar de numa família dessas isso poder ser uma coisa quase impossível.
Ao contrário do que o nome pode sugerir, ninguém na realidade conversa sobre Kevin. Entre os pais, parece haver algumas tentativas, mas Franklin prefere a ignorância. No colégio ou entre médicos não parece haver a necessidade, pois ele se faz de garoto modelo. Tudo isso faz com que Eva fique num estado de choque durante todo o filme. Ela não sabe porque as coisas acontecem com ela. Ela apenas aceita sua punição, apesar de não parecer aguentar muito mais. As grandes atuações só fazem desse filme ainda mais poderoso.
Tilda Swinton é fantástica, ela é o principal motivo para eu conferir o filme.
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