NOTA: 8.
- Você está tentando? Agora? Onde você estava quando importava? Eu precisava disso quando era garoto, não agora. Agora é muito tarde.
O chamado MMA (sigla para "artes marciais mistas") é o esporte que mais cresce no mundo, fazendo com que seus lutadores tenham grande popularidade. O brasileiro Anderson Silva até mesmo ganhou um filme lançado há pouco tempo. Por isso não é uma surpresa que se lance um filme sobre esse esporte, a surpresa é que o filme chegue com três peças importantes no seu clímax com uma lógica e história envolventes. História que lembra grandes clássicos de luta como Rocky, mas dessa vez envolvendo uma família tumultuada.
Por cerca de uma hora, o filme desenvolve a histórico e motivação de seus personagens. Os protagonistas são Brendan (Joel Edgerton) e Tommy Conlon (Tom Hardy), dois irmãos que há muito não se veem por conta de problemas com o pai, Paddy (Nick Nolte). Ambos eram lutadores quando mais novos treinados pelo pai, e hoje Brendan é um pai de família com dívidas e Tommy é um ex-fuzileiro desempregado. Os dois chegam à conclusão de que devem lutar para conseguir dinheiro.
Claro que assim que essa premissa se estabelece, sabemos que Brendan e Tommy vão se encontrar no ringue. O interessante não é esse fato em si, mas sim o fato que o filme não toma partido de nenhum lado, o que nos impede um pouco de também ter alguém por torcer mais ou menos. Nós conhecemos e entendemos os dois personagens, sabemos suas motivações e emoções para que cada um aja do jeito que agem. Eles podem até mesmo se odiarem pelo que aconteceu pelo passado, mas nós acabamos torcendo por todos eles.
O fato é que quando eram crianças, Paddy era um alcoólatra tão violento que a mãe deles resolveu fugir. O plano era que ela fugisse com os dois filhos, mas Brendan não foi junto por causa da então namorada e que hoje é a sua esposa. Tommy, mais novo, teve que cuidar da mãe e vê-la morrer sozinho, sem ninguém para lhe auxiliar, seu irmão ficou sozinho aturando o pai, e Paddy considera que foi abandonado e hoje comemora seus mil dias sóbrio no AA.
Todos parecem ter os seus motivos, e suas histórias são ainda entrecortadas outras secundárias de personagens ligados aos protagonistas, incluindo Paddy, a mulher de Brendan (Jennifer Morrison) e o treinador. Há também a mulher de um amigo de Tommy, o que envolve um segredo sobre o passado de guerra dele que é melhor não revelar.
E apesar de contar todas as histórias, o diretor Gavin O´Connor também não deixa de explorar o esporte. As lutas são coreografadas com grande energia e violência, e acabam sendo lutas boas como é difícil de vermos nas competições de verdade. Mas o melhor mesmo é que as lutas não parecem gratuitas em momento nenhum, porque toda a história tem como alicerce personagens de verdade. E melhor ainda, um filme de luta onde o espectador tem dificuldade de escolher por quem torcer. Eu não queria que nenhum dos dois perdesse. É um tipo de complexidade que engradece muito o filme, e o diferencia dos demais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário