sexta-feira, 29 de junho de 2012

A SAGA CREPÚSCULO: AMANHECER PARTE 1 - THE TWILIGHT SAGA:BREAKING DAWN PART 1


NOTA: 4.
- Nenhuma medida de tempo será suficiente, mas vamos começar com para sempre.


Ao contrário de outras franquias de sucesso, A saga crepúsculo não começou de uma maneira muito boa. Independente se gostar da história ou não, um dos maiores problemas do filme era a qualidade com que foi feito, que na melhor das hipóteses pode ser considerada questionável. Dito isso, vale dizer que a qualidade das produções foi aumentando e este é o melhor filme da franquia até agora. Se continuo não sendo fã da história ou personagens, pelo menos não há mais sinais de amadorismo nos filmes.
Até então, tivemos três filmes onde Bella Swan (Kristen Stewart) tenta segurar sua virgindade até o matrimônio indo contra o incontrolável desejo que o vampiro Edward (Robert Pattinson) provoca. Finalmente eles se casam e viajam para o Brasil para sua lua-de-mel quando finalmente consumam seu casamento, e no dia seguinte ela acorda com hematomas horríveis, o quarto totalmente revirado e todos os móveis quebrados.
Essa parte deve decepcionar muita gente fã dos livros. Não sei como é descrito lá, mas a verdade é que nunca vemos o que realmente acontece dentro do quarto. Como ela consegue os hematomas, e porque TODOS os móveis estão quebrados vira um mistério. Outro mistério é como um vampiro, morto há mais de uma centena de anos consegue engravidar uma humana? Bem, ele consegue e me assusta pensar o que será que colocarão na mamadeira desse bebê. Não espere uma explicação porque... provavelmente eles não devem ter conseguido pensar em uma.
O filme começa com os preparativos do casamento, exceto pelo pai de Bella que faz um inconveniente discurso direcionado a Edward sobre como ele tem uma arma e sabe como usá-la e uma vampira com ressentimentos sobre o assassinato de alguém próximo a ela. Se bem me lembro, o casamento também fará com que Bella se "vamipirize", o que acredito ser algum sonho bizarro que ela deva ter, mas quantos dos convidados devem saber disso? Ou por que ninguém repara que Edward não tem um parente mais velho que ele?
Não posso esquecer que há outro apaixonado por Bella e que deve dividir a torcida das fãs. Para os que não sabem, Jacob Black (Taylor Lautner) é um transformo que vira um lobisomem a qualquer momento (eles não precisam de lua cheia). Ele se volta contra sua própria espécie para proteger Bella de um possível ataque.
Kristen Stewart teve que fazer outros filmes fora da franquia para mostrar que era uma boa atriz, mas neste filme ela está bem em sua interpretação. O único porém é recorrente a muitas atrizes geralmente novas: por que todas acham que as grávidas não tiram as mãos da barriga? O filme poderia ser muito melhor se procurasse se importar com as implicações da relação entre um vampiro e uma humana, e talvez ainda das implicações de terem um filho. O que podemos esperar é que o próximo filme tenha pelo menos algumas respostas, ou esperar que o pai de Bella use sua arma.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A CAIXA DE PANDORA - DIE BÜCHSE DER PANDORA


NOTA: 10.
- Só uma coisa, meu rapaz: tome cuidado com essa mulher.

O blog chega agora a sua publicação de número 500, e por isso não posso deixar de postar um filme que ficará para sempre marcado na história do cinema. Assim com também Louise Brooks deixou sua marca para sempre imortalizando a personagem Lulu. O filme envelheceu, mas a beleza dela permanecerá. Todos estamos acostumados a assistirmos filmes, e sabemos que quando uma mulher assim aparece nas telas é a certeza de que podemos nos sentir atraídos por ela, mas que com certeza trará problemas.
Foi dito em um documentário, que Brooks era "muito selvagem em um negócio que era manso". Ela pode não ter tido uma longa e próspera carreira em Hollywood, mas fez pelo menos dois filmes alemães que ficarão na história: Diário de uma perdida e este A caixa de Pandora. Seu corte de cabelo está como um dos mais influentes de todos os tempos, a pele de porcelana e seus olhos escuros fazem o conjunto com uma boca que parece estar sempre em uma posição de provocação. Entre seus amantes mais famosos está Chaplin. Mas ela também tinha um problema com bebida, e um dia mandou a Paramount para o inferno quando a pediram para dublar seu último filme mudo. Seu jeito "selvagem" acabou fazendo com que ela terminasse numa agência de acompanhantes depois que todos seus amigos se esqueceram dela. Para sua sorte, foi "salva" por um fã para revisitar seus filmes.
Lulu não é uma prostituta como ela mesmo diz, apesar de parecer se comportar um pouco como uma. Ela recebe a visita de Schon, um homem que pode ser seu amante e parece depressivo pela chegada do dia de seu casamento. Ele não quer casar, e talvez tenha a esperança de que Lulu o convença a desistir de tudo por ela. O filho dele também parece apaixonado por ela, mas o velho acaba terminando seu noivado e desposando a moça. 
Schon é muito possessivo e ciumento. Num acesso, ele pega sua arma e pede para que a moça se suicide para que ele não tenha que matá-la, mas claro que a moça não quer morrer. Ela ama a sua vida, ela ama viver. Na confusão, Schon acaba morto e a moça é condenada pela sua morte. O filho de Schon ignora tudo e acaba fugindo com ela onde suas vidas vão seguindo em decadência.
(ESTE PARÁGRAFO CONTÉM SPOILER) 
Na fuga, eles acabam em Londres. Falidos, seu cafetão, que talvez seja seu pai, acaba a convencendo a tentar conseguir dinheiro nas ruas. Para seu azar, ela cruza com quem pode ser Jack Estripador, que lhe diz que não tem dinheiro. Mas ela não está somente preocupada com dinheiro e simpatizada pelo homem o convida mesmo assim. Talvez seja a sua punição pela vida que levava, ou talvez na época fosse necessário afirmar que uma moça que não se importa com as "regras" da sociedade não possa ter seu final feliz.
Não se trata de um caso de estudo psicológico ou social. O filme é um estudo sobre o erotismo numa época em que pouco se falava sobre isso. A cada vez que se assiste, parece que uma nova parte da personalidade de Lulu é exposta. Apesar de conhecer a história, ainda assim ela me parece estranha como se fosse a primeira vez. São novas descobertas que faço a cada nova visita a esse universo. Ela gosta de curtir sua vida, seja bebendo, festejando ou fazendo amor, a única coisa que parece incapaz é de se sentir presa. Morte pode parecer melhor ás vezes que uma vida na cadeia. 
O filme sem Brooks provavelmente não seria tão memorável, assim como não existiu e nem existirá outra personagem como Lulu. A minha única frustração é não ser capaz de escrever um texto à altura dessa grande obra de arte.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

CONTÁGIO - CONTAGION



NOTA: 8.
- Hoje é um péssimo dia para ser um macaco Rhesus.

Este é um drama realista e nem um pouco voltado para o lado do espetáculo, cinematograficamente falando, sobre uma epidemia global. Seria uma simulação do que aconteceria se um novo vírus que se espalha pelo ar surgisse e se alastrasse de forma muito rápida por todo o globo. Logo que imediatamente, ficamos alerta aos perigos de um contágio: tela negra e uma tosse é ouvida. Quando vemos um garçom pegando as moedas de um cliente já sabemos que algo está em movimento.
De certa forma, a história já é familiar. Início do contágio, mapas alarmistas do vírus se espalhando pelo mundo inteiro, a corrida para a produção de uma vacina e a distribuição para a população. O problema é que o vírus aqui desafia toda a lógica que os médicos conhecem sobre doenças: ele se espalha mesmo após isolamento dos doentes e parece também resistir às vacinas produzidas. A habilidade deste filme está em mostrar a vida de alguns personagens chaves dos filmes e a interação entre outras pessoas. 
Há a família Emhoff, que rapidamente parece começar a se desintegrar. A tosse que começa o filme é de Beth (Gwyneth Paltrow), que está voltando de Hong Kong. Logo após a sua volta, seu filho morre, e não demora muito para que ela siga pelo mesmo caminho. Apenas seu marido, Mitch (Matt Damon) sobrevive na casa, por ser imune a esse vírus. No final do filme, vemos uma breve explicação de onde tudo pode ter começado, mas o mais importante é observar que pode atravessar continentes em um único dia.
Os dias vão se passando rapidamente e novos personagens vão surgindo num piscar de olhos. O chefe do CDC (Centro de Controle de Doenças) é Cheever (Laurence Fishburne), que designa Mears (Kate Winslet) para tentar controlar a doença e descobrir onde ela pode ter se originado. De outra organização em Geneva, temos Orantes (Marion Cotillard) que é uma investigadora, e em um laboratório há a Hextall (Jeniffer Ehle) que está se sentindo frustrada pela demora que está se dando para aperfeiçoar a vacina para que seja testada em humanos. Para encerrar a galeria de astros que o filme possui, temos Jude Law como um blogueiro que se preocupa em espalhar o pânico para seus leitores desde que isso aumente a quantidade de visitas ao seu blog. Infelizmente, seu personagem parece um pouco desnecessário à história, enquanto talvez tivesse melhor efeito se soubéssemos um pouco melhor como o vírus funciona.
O filme é muito bem filmado e habilmente dirigido. A presença de grandes astros ajuda muito para a dramaticidade, pois não temos muito tempo para conhecermos e nos importarmos com eles. O filme mantém também um ritmo interessante: começa a mil por hora e não procura diminuir o ritmo em momento nenhum. É um relato íntimo e que parece ser preciso no que sobre seria se uma nova epidemia se espalhasse, e é o melhor filme que já assisti sobre este tema.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

UM HOMEM MISTERIOSO - THE AMERICAN



NOTA: 10.
- E acima de tudo, não faça amizades. Você costumava saber disso.

George Clooney interpreta um sujeito que é muito bom no que faz, mas infelizmente para ele, sua linha de profissão não o permite ter uma relação amorosa estável. Ele é altamente habilidoso, extremamente focado e capaz de projetar uma personalidade que as outras pessoas não conseguem descobrir quem ele realmente é. Elas podem tentar, e como em todo filme elas tentam, mas não parecem ser capazes de descobrir nada sobre ele.
Já começamos sem sequer saber seu nome direito. Ele pode ser Jack, ou talvez seu nome seja Edward, e claro que ainda existe a opção de não ser nenhum dos dois. O que sabemos é que ele fabrica armas específicas para assassinos bem específicos. Ele trabalha para Pavel, que lhe passa um trabalho. Ele encontra Mathilde na Itália e rapidamente eles conversam sobre as especificações de uma arma que ela usará para algum trabalho.
Ele procura um lugar na cidade para trabalhar fingindo ser fotográfo. No início do filme, ele foi caçado e quase morto, e não quer repetir os erros que cometeu anteriormente. Ele pára em alguns lugares para alugar um quarto mas eles não parecem ser ideais. Talvez falte algo para que ele se sinta seguro. Quando finalmente encontra um lugar, ele ainda estabelece relação com 3 pessoas: um padre, uma prostituta e um mevânico. Não se assustem, apesar de díspares eles são peças importantes do filme.
O padre acaba sendo um amigo dele. Eles conversam e nem sempre é sobre religião, algumas vezes é apenas para avaliar as coisas que podem estar erradas na vida dele. O mecânico é quem lhe fornece inadvertidamente as peças para que ele possa montar a arma. Por último, mas não menos importante,  Clara é a prostituta com quem ele acaba se encontrando frequentemente.
Dirigido por Anton Corbijn, o filme se mantén com atuações seguras e no mesmo tom uma da outra. Sem exceções. Assim como a própria concepção do filme parece ser adequada. Nenhum plano está fora de lugar ou exagerado. Nada tira a atenção da história, apenas a torna mais poderosa. Até mesmo na escolha de Clooney para o papel principal, onde ele mostra estar totalmente no controle do filme com uma atuação brilhante.
Grande parte da força do filme, é no fato dele mostrar meticulosamente o trabalho desse homem. Ele acorda, toma seu café da manhã, se exercita e foca na sua tarefa. Sabemos os métodos e o modo de viver deese homem, agora nos resta observar o desfecho da história. O filme, por seu tema, poderia até mesmo ser ruim e muito pesado, já que sequer o personagem se abre para alguma pessoa, mas mesmo assim isso somente o engrandece.

terça-feira, 19 de junho de 2012

O GAROTO DE LIVERPOOL - NOWHERE BOY


NOTA: 8.
- Não faz sentido odiar alguém que você ama.

Este filme conta a adolescência de John Lennon (Aaron Johnson). Nessa época conturbada em que ele decidiu começar a sua carreira como músico e formar a banda que viria a ser conhecida como The Beatles, ainda que esse nome não seja mencionado em nenhuma parte do filme. Ele cresce sob os cuidados de sua tia Mimi (Kristin Scott Thomas). Escrito também pela meia-irmã dele, o filme parece preencher alguns pedaços da vida do astro que eram até então desconhecidos.
Lennon reencontra sua verdadeira mãe no enterro de seu tio, e ele acaba se interessando pelo jeito apaixonado que ela lhe mostra. Muito diferente do modo que sua tia o criou, que apesar de o amar sempre se mostra um tanto quanto fria e distante. Lennon aprende no filme que sua mãe era incapaz de o criar e por isso foi morar com sua tia, mas o que ele não sabia é que sua mãe mora no mesmo bairro que ele, apenas alguns minutos longe dele.
Pela proximidade, é possível que ela tenha o visto algumas vezes pela rua enquanto ele crescia, tanto que quando ele vê aquela mulher o encarando no enterro do seu tio ele sabe quem ela é. Talvez ela tenha se mantido afastada por respeito à irmã, mas quando ele bate em sua porta ela está pronta para se mostrar bem diferente do que ele esperava. Eles são parentes diretos, mas ainda assim estranhos um ao outro. 
Não esperem o surgimento de um dos maiores fenômenos de todos os tempos. A fama global e "maiores que Jesus" não parecem estar sequer perto de aparecer neste filme. Este não é um filme sobre isso. O filme deliberadamente foca em contar a história da adolescência de um rapaz crescendo na cidade de Liverpool, como era a sua relação com seus tios, mãe e amigos. Um rapaz um pouco arrogante e ao mesmo tempo vulnerável.
Claro que eventualmente vemos a banda se formando ainda que não seja o foco. Lennon monta a sua banda e a ele se junta Paul, que o apresenta a George, e Ringo obviamente não tem como aparecer num filme que conta apenas o início da trajetória da banda. É apenas para assistirmos como uma banda icônica realmente começou, sem sonhos de grande sucesso ou promessas de dinheiro. Somente rapazes que se juntam para se expressarem através da música, que pode ser a única forma que eles conhecem como fazer.
Um dos motivos para assistir o filme é a presença de Aaron Johnson (de Kick-Assno papel principal, que consegue passar ao seu personagem uma certa raiva e sensibilidade ao mesmo tempo. Lennon não parece saber seu lugar no mundo, porque tanto lhe foi escondido que ele sequer sabe. É somente quando ele entra neste papel de astro do rock meio bad boy que parece descobrir seu lugar. E Johnson consegue captar essa nuance e nos fazer acreditar que realmente conhecemos John Lennon.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

PROMETHEUS



NOTA: 10.
- Meu Deus. Nós estávamos tão errados.

O diretor volta ao universo de Alien, que ele mesmo começou, para recontar a origem de tudo. Não apenas a origem de um dos alienígenas mais famosos do cinema, mas também contar a nossa própria origem. É uma ficção científica que levanta interessantes questões sobre a humanidade, mas não tem resposta para elas. Não que isso seja algum desmérito, tanto que apesar de voltar ao universo que criou, Ridley Scott vai além e parece criar um novo independente do que já havia sido feito anteriormente.
O começo do filme se passa em um local espetacular com cachoeiras e uma linda e densa floresta onde um ser vivo muito parecido com um humano, mas totalmente albino, ingere alguma coisa que o faz ficar com muita dor, vomitar e se contorcer até que seu corpo se desfaça até células vermos as células de DNA quando cai na água. Esse lugar poderia ser a Terra, mas não há certeza disso. Assim como talvez as células desse ser que caem na água poderiam ser células que deram origem aos seres humanos. Podem, mas nada fica claro. Talvez a passagem seja apenas para sugerir que antes de termos vida na Terra, tivemos alienígenas por aqui.
Daí, cortamos para o ano 2089, no que pode ser o maior flash-forward da história do cinema, superando 2001, de Kubrik. Uma nave segue em direção a um distante planeta que foi indicado em diferentes pinturas em cavernas de civilizações e épocas distintas entre si. Pela disparidade de onde foi encontrado esse "mapa estrelar", pesquisadores seguem rumo a ele na esperança de encontrar a origem da raça humana. Chegando no planeta, eles encontram uma espécie de pirâmide onde buscam respostas, e é nesse cenário e na nave de um trilhão de dólares de nome Prometheus que o filme se passa.
Comandando a expedição, temos Elizabeth Shaw (Noomi Papace), que acredita que a nossa vida tenha alguma origem divina. Seu contraponto é seu namorado, Charlie Holloway (Logan Marshall-Green) que considera a crença dela uma ofensa a anos de darwinismo. O que eles acham dentro da pirâmide não dá razão a nenhum dos dois. São corpos humanoides, mas maiores do que nós, cujo DNA é totalmente compatível com o nosso. Seriam eles os nossos criadores? E se sim, por quê? 
Desde o primeiro dia em que pousam naquele planeta, o terror começa. Não um terror como Scott fez no primeiro filme, onde tínhamos muito silêncio e sombras, mas um terror mais pautado na ação. E ainda assim, tão eficiente quanto. Especialmente quando a tripulação humana ao lado do enigmático robô (sempre há um com motivos misteriosos nos filmes do alienígena) David (Michael Fassbender, sempre ótimo), começam a explorar as cavernas. 
Independente dos papéis masculinos, o filme segue a tradição e apresenta não uma, mas duas personagens fortes. Uma é Vickers (Charlize Theron), uma representante da companhia que financia a viagem e que fica sempre distante dos demais e trata a todos como se fossem seus empregados. Eles são seus empregados, mas pra que será que serve tanta hierarquia no espaço a anos luz da Terra? A outra é Shaw, que mostra grandes instintos de preservação realizando feitos quase inimagináveis.
O filme mistura bem efeitos especiais, tecnologia 3D (ambos sem uso exagerado que distraia a atenção da história) e um roteiro mirabolante. O grande atrativo, para mim, é como o filme brinca com a descoberta dessa raça que tem o mesmo DNA que nós. Será que nos criaram? A possibilidade de existir algo parecido com algo tão único quanto um DNA parece ser muito improvável mesmo do outro lado do universo. E se foram eles que nos criaram, de onde eles vieram? As respostas estão abertas para uma possível sequência. O que temos agora é um espetáculo visual, suspense, aventura e ideias que podem te deixar pensando por muito tempo.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

HITCHCOCK TRUFFAUT 36: PACTO SINISTRO - STRANGERS ON A TRAIN (1951)

Para ler o que já saiu de Hitchcock Truffaut, clique aqui. 



NOTA: 9.
- Minha teoria é que qualquer pessoa é um assassino em potencial.

Como já tinha acontecido anteriormente, o diretor Alfred Hitchcock novamente se encontrava em uma situação delicada em sua carreira. Ele vinha de dois fracassos seguidos e precisava de um sucesso para se reerguer. E novamente, ele o faz de maneira espetacular. Não que este seja um dos melhores filmes do diretor, mas é impressionante o que ele é capaz de fazer mesmo que não tenha um grande roteiro para filmar.
Guy Haines (Fraley Granger) é um tenista famoso que está viajando de trem e encontra um estranho homem, Bruno Antony (Robert Walker) que parece saber tudo da sua vida. Tanto sabe, que diz a Haines sobre o fato de não poder casar com a mulher que ama porque ainda está casado com Miriam, e assim lhe propõe uma troca de assassinatos: Bruno mataria a mulher de Haines para que ele possa casar novamente e em troca Haines faria o mesmo com o pai de Bruno.
Essa é a ideia de um plano perfeito de assassinato para Bruno, pois seriam dois estranhos sem ligação aparente que cometeriam os crimes ao passo que o principal beneficiado teria um álibi. Claro que Haines acha que tudo não passa de uma brincadeira até chegar em casa um dia e descobrir que sua ex-mulher está morta. Agora Bruno espera que ele cumpra a sua parte do trato ou vai arruinar sua vida em retaliação.
Hitchcock sempre causava medos porque dizia que usava os seus próprios. Por isso em casos recorrentes ele usava o mocinho que era acusado de um crime que não cometeu. Era um medo que o próprio diretor tinha. E é nessa parte do filme também, que o diretor fala de outra característica que o deixou famoso: de somente filmar o que usaria na edição. "Porque eu só rodava pedacinhos de filmes, e mais nada. Era impossível alguém juntá-los sem a minha presença e era impossível fazer outra montagem diferente da que tinha na cabeça ao filmar."
Uma das poucas fraquezas do filme, é a falta de solidez dos personagens. O diretor ainda vai além e fala da falta de solidez dos atores, mas vendo o filme não acredito ser exatamente esse o caso. Acho que eles fazem um bom papel, tanto o mocinho que está preso em uma situação desesperadora quanto o quase insano e intrometido que fica exacerbando a situação. Talvez apenas a mocinha esteja um pouco fora do tom, mas o que falta aqui são diálogos que pudessem dar mais profundidade e os caracterizassem melhor.
Longe de ser um estudo de personagens ou de psicologia, o filme é um suspense de primeira linha com cenas memoráveis e que são hoje muito copiadas, como quando Haines olha para a plateia e todos acompanham uma partida de tênis balançando a cabeça de um lado para o outro, menos Bruno que fica estático olhando atentamente para Haines. Além do climático fim no carrossel, que ainda fique evidente o uso de projeção, não deixa de impressionar. Truffaut diz que se outro diretor tivesse filmado o roteiro, teríamos um filme ruim. Mas este é um filme de Hitchcock, que mesmo com um roteiro deficiente conseguiu fazer um ótimo filme.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

DEUS DA CARNIFICINA - CARNAGE



NOTA: 8.
- Não estou feliz. Na verdade, esse é o dia mais infeliz da minha vida.

Tirando uma cena inicial e outra final com crianças brincando em um parque, todo o filme se passa dentro de um apartamento em Manhattan. Pode não parecer muita coisa, mas tudo que o diretor Roman Polanski precisa é de um grande elenco, e aqui ele conta com quatro nomes de peso e de muito talento: Kate Winslet, Christopher Waltz, Jodie Foster e John C. Reily. O que realmente importa não é a história em si, mas ver os atores em ação.
O apartamento de Manhattan é do casal Penelope (Foster) e Michael Longstreet (Reily). Eles recebem o outro casal Nancy (Winslet) e Alan Cowan (Waltz) por conta de um problema que houve entre os filhos deles. Na cena de abertura do parque, um deles acerta o outro no rosto com um pedaço de madeira. Sendo o filho dos Cowan o agressor e Longstreet o agredido. A cena é filmada de longe e sem audio, assim não sabemos como aconteceu e o que foi dito. Não há como saber exatamente quem está certo ou errado. 
A visita é uma forma dos pais tentarem resolver o problema de forma amigável, e a atuação deles no início da conversa nos faz parecer que eles vão conseguir resolver seus problemas tranquilamente no final das contas. Afinal, todos parecem sensatos e trabalham, e aparentemente são ricos, já que moram em um bairro chique e o que vemos é um apartamento com um certo luxo, apesar de estranhar que um deles viva de vender utensílios para a casa. Talvez ele seja um bom vendedor e tenha um ótimo volume de vendas, mas de qualquer forma isso não vem ao caso.
Adaptado de uma peça do teatro e vencedora do Tony chamada God of carnage, e Polanski não fez muito esforço para disfarçar a origem teatral. Toda a ação principal se passa dentro do apartamento, e eles no máximo chegam até o corredor até que algum evento os leve de volta para dentro do apartamento. A estratégia parece ser bem simples, o que Polanski quer nos mostrar é o atrativo principal do filme: performances.
O filme vai mudando a forma como eles se tratam. Primeiro eles começam trocando amenidades. O problema é que os dois casais parecem inclinados a aceitar a culpa dos seus filhos, como se as duas crianças pudessem ser culpadas pelo acidente. Mas aos pouco a civilidade vai dando lugar a decadência humana, e o filme começa a tomar a forma que parece interessar a eles. Um casal começa a atacar o outro, mas as alianças parecem se quebrar em uma velocidade impressionante e logo são homens contra mulheres e por aí vai. 
Não chega perto de ser um dos melhores filmes de Polanski, mas ele tira grandes atuações de todo o seu elenco. Sem que ninguém destoe ou fique fora do tom. E os próprios atores parecem estar satisfeitos com eles mesmos. E é sobre isso que o filme trata.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

MULHER DE AREIA - SUNA NO ONNA


NOTA: 9.
- Você cava para viver ou vive para cavar?

Algumas vezes um filme pode parecer real mesmo que sua história não seja pautada na realidade. Estamos falando de um lugar no Japão perto da praia cercado de areia por todos os lados. Aparentemente, para que as casas da vila não afundem na areia, uma mulher deve encher inúmeros sacos de areia durante a noite que o resto da vila leva para vender para construções. Claro que a areia não serve para construções, mas a história do filme não faz questão de ser plausível. Ainda assim não há uma parte do filme que não pareça realista.
Começamos com um professor de colégio que está aproveitando suas férias. Ele passeia pelo litoral em busca de insetos diferentes para a sua coleção, e essa busca o leva até essa pequena cidade. Um habitante do lugar o avisa que ele acaba de perder o último ônibus, mas eles são gentis o suficiente para arranjar um quarto onde ele possa dormir e ir embora pela manhã. A ideia o agrada, pois ele gostade ficar na casa de habitantes locais dos lugares onde visita.
Eles jogam uma escada de corda até uma parte mais baixa, onde tem uma parede de areia, e o professor desce por ela para passar a noite na casa da tal mulher que cava a areia. Tudo na casa é quase coberto de areia, e o que não pode pegar areia é cuidadosamente estocado. Ela lhe serve um jantar, tira um pouco da areia dele e prepara um lugar para dormir. De noite ele ainda acorda para ver a mulher trabalhando, e quando acorda de manhã para sair ele percebe que a escada se foi.
A ideia dos moradores, é arranjar um companheiro para que a mulher continue cavando satisfeita com alguém ao seu lado, talvez até que a ajude a cavar. Ele até pergunta porque ela simplesmente não pára de cavar, e ela lhe diz que se parar de cavar sua casa será soterrada, e a casa ao lado começará a ficar em perigo de soterramento. De alguma forma doentia, eles parecem considerar aquela a melhor opção. Como uma espécie de punição, aquele homem parece destinado a ficar naquele lugar.
O filme não se apressa em desenvolver o seu drama. Aos poucos vamos a realidade do que ele terá que passar. Ele tenta escapar mas os moradores não deixam. A comida e água somente chegam através de cordas. A mulher parece ter aceitado seu destino e não tenta sair dali. Ela aceitou que aquele é seu destino, enquanto o homem tenta fugir dele desesperadamente. 
O filme é um primor por inúmeras qualidades. Sua trilha sonora não parece pontuar o drama, mas zombar do destino do casal. A fotografia é maravilhosa e capta a areia de forma que nunca vi em outro filme. E a areia é um grande personagem do filme. E todos estão presos ali. Eles não podem sair porque o resto da vila depende deles. Essa é a tarefa deles. Se eles saírem dali, o que será das outras pessoas? Aos poucos o homem começa a descobrir métodos para viver melhor ali. Se é essa a sua "pena", que pelo menos ela não tenha que ser tão dura. Melhor isso do que nada.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

SOB O DOMÍNIO DO MEDO - STRAW DOGS

NOTA: 8,5.
- Não é que o desgraçado tem um homem dentro no final das contas?

Esta nova versão é muito parecida com a original de 1971, filme dirigido na época por Sam Peckinpah. Apesar de não ter o lirismo de Peckinpah, o diretor Rod Lurie (de Faces da verdade), consegue fazer um filme tão visceral quanto, violento, perturbador e bem feito. Troca-se uma cidade do interior da Inglaterra pelo Mississípi, um matemático por um roteirista de cinema e teremos a mesma história incluindo um gato morto e uma armadilha para ursos. 
Saem também Dustin Hoffman (que declarou não ter gostado de realizar o filme) e Susan George, e entram James Marsden e Kate Bosworth nos papéis principais como o intelectual e sua esposa que se mudam para a cidade do interior para que ele possa trabalhar em um lugar sossegado. Algo na maneira como os dois vivem incomoda os moradores daquela pequena cidade, que parecem começar uma luta pelo território, como se quisessem mostrar ao casal como eles deveriam viver.
Amy Sumner (Bosworth) não é apenas a mulher do mocinho como acontecia no filme original, ela era uma espécie de garota popular daquele colégio que se mudou para tentar sua carreira como atriz e conseguiu alguma notoriedade em um papel numa série televisiva. David (Marsden) se muda para a antiga casa do pai dela, um lugar muito bonito e um pouco afastado da cidade que tem um celeiro que foi devastado por um furacão.
Logo no primeiro dia eles vão almoçar num daqueles bares onde todos se conhecem. Lá eles conhecem Charlie (Alexander Skarsgård), o namorado de Amy da época de colégio e que vai consertar o telhado do celeiro. A relação entre o ex e o atual não começa bem desde esse primeiro encontro e piora logo no primeiro dia de trabalho de Charlie, e depois da maneira que as coisas vão avançando percebe-se que não tem como melhorar. Até sermos levados pela violenta conclusão.
Bem. Eu moro numa cidade onde acredito que a polícia deva tomar conta de assuntos que não posso ou que não devo resolver. Essa cidade onde eles se encontram se orgulha de dizer que eles cuidam de si mesmos, ainda que haja um oficial local que deveria cuidar disso. A ideia é mostrar que um homem comum é capaz de se defender ferozmente quando sua vida depende disso. E aparentemente em uma cidade como essa isso é capaz de acontecer. Ainda que toda a trupe de Charlie e do treinador (interpretado por Woods) esteja cercando sua casa. É assim que veremos do que ele é capaz.
Apesar de ser similar ao original e de gostar muito do diretor Sam Peckinpah, devo admitir que gostei mais desse filme do que do original. Lurie não banaliza o sentido final do filme enfraquecendo a intenção de seu herói e nem glorificando a violência ou o sexo. Além disso, todo o elenco traz muito mais profundidade aos seus papéis, em especial Woods que dá um show à parte.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...